Santidade jovem

Dom Pedro Cipollni
Bispo de Santo André (SP)
O papa Leão XIV acaba de declarar “santo” o jovem Carlo Acutis, conhecido hoje mundialmente, principalmente entre os jovens cristãos. Ele nasceu em 3 de maio de 1991 e morreu aos quinze anos, em 12 de outubro de 2006. Viveu apenas quinze anos. Mas por que exerce essa atração mundial, especialmente sobre os jovens? Porque é um jovem santo acessível, de calça jeans e mochila nas costas, como tantos outros que se identificam com ele. Identificam-se com sua juventude, sua leveza, sua proximidade e com a forma como viveu o dia a dia de um jovem de nossa época.
Mas seria apenas isso? Claro que não. Carlo Acutis tocou o coração dos jovens que buscam algo além do prazer, da fama e do glamour do poder. Ele alcançou a essência mais íntima do coração de todo jovem: o desejo de ser feliz! Carlo Acutis foi um jovem feliz no seu encontro com Deus, que iluminou sua vida e o fez iluminar a vida dos que o rodeavam.
Não foi luz de holofote, mas uma luz suave e persistente, que permite atravessar a vida sem medo e sem apagões. Ele encontrou em Jesus Cristo e no Evangelho a razão de viver. Procurou viver, no cotidiano, aquilo que Cristo ensinou: pequenos atos de bondade, lealdade, alegria e generosidade, que não fazia questão de exibir, mas dos quais nunca desistia.
Chama a atenção também o fato de ter usado sua habilidade com o computador para divulgar, pela internet, mensagens profundas e cheias de sentido cristão. Por isso, tornou-se ainda mais próximo dos jovens.
Na biografia que escreveu sobre o filho, sua mãe – que ainda é viva e, junto com o marido e os dois filhos, pôde assistir à canonização – deixa muitos testemunhos dessa vida breve, mas profundamente enraizada na fé e no amor de Cristo. Seus pais não eram católicos praticantes, mas, aos poucos, com o exemplo do filho, foram atraídos para a vivência da fé. Na biografia, sua mãe relata:
“Há alguns anos, meu marido e eu nos aproximamos da fé. Nós a redescobrimos graças a Carlo. Foi ele quem nos levou para perto do Senhor. Em minha vida, eu tinha ido à missa três vezes: no dia do meu batismo, no dia da minha primeira comunhão e no dia do casamento. E assim também meu marido. Não éramos contrários à fé. Simplesmente nos acostumamos a viver sem.” (Antonia Acutis, O segredo do meu filho, 2022, p. 10).
Muitas pessoas, ao conhecerem a história e o testemunho desse jovem, estão voltando a crer em Deus, a praticar a fé cristã e a buscar a santidade. O cristão do século XXI, disse um famoso teólogo, ou será místico ou não será cristão. Sua profecia nunca foi tão atual quanto hoje. A vida santa – isto é, a vida em união com Deus, para a qual fomos criados – é a vida mística, capaz de realizar a pessoa a partir de seu íntimo e, assim, dar sentido a todas as coisas.
O materialismo de nossa cultura se esgotou. Há um ressurgimento da espiritualidade. O ser humano não é apenas matéria; tem também uma alma. Há um combate entre espiritualistas e materialistas no campo científico, mas, no senso comum, no meio do povo, o espiritualismo renasce em detrimento do materialismo. Existe fome de transcendência, fome de Deus!
E é isso que este jovem santo nos recorda. Com seu testemunho de vida, ele nos mostra que a vida vale a pena quando a alma não é pequena, e quando se aspira a uma felicidade que ninguém e nada pode tirar, porque é eterna.