Cerimônia de  Casamento
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As pessoas que têm frequentado as cerimônias de casamento nas nossas igrejas, devem ter reparado – pelo menos as pessoas frequentadoras não apenas dessas ocasiões – que o sentido “religioso” dessas cerimônias ficou decididamente em segundo plano e, por vezes, com o beneplácito dos celebrantes, pasmem!
Os (as) cerimonialistas (promoters ou influencers – em inglês fica mais chique) tomaram conta completamente dessas ocasiões, impõe o seu método, falam por rádio transmissor, usando palavras inconvenientes para o local, seus músicos tocam e cantam suas músicas (sacras?) extremamente alto , impossível de serem identificadas, e o mais grave de tudo: após a primeira leitura, o salmo cujo significado litúrgico é a nossa resposta à palavra proclamada, passou a ser simplesmente: “o amor jamais acabará, á, á” que a maioria das pessoas que não sabem o que foram fazer lá, dizem: “que lindo!”
Mas até chegar a esse ponto, depois do esperado atraso da noiva, e isso me faz lembrar duma ocasião em que o cerimonialista me disse: “noiva chegar no horário é brega”.
Abrem-se as portas da igreja: aparece uma criança levando uma plaqueta anunciando a entrada dos padrinhos – normalmente seis a oito casais e se vocês acham que são muitos lembrem que esse número é para cada um dos nubentes – mas só entram, com a devida ordem do (a) cerimonialista, apenas depois que o casal anterior chega ao altar ou, no mínimo no meio do caminho.
Em seguida veem os pais da noiva e o próprio noivo acompanhado de sua mãe ou madrinha. Aí entra uma terceira criança, também com uma plaqueta, aonde está escrito: “A noiva vem aí!”
Finalmente um cidadão elegantemente trajado com fraque ou casaca, trazendo um enorme trompete do qual pende um galhardete com símbolos das monarquias da idade média, toca furiosamente, anunciando a entrada da noiva. Com esse som, que parece ter saído de uma tourada, pessoas como eu, conscientes que estamos numa igreja – e possuídas pelo seu espírito mauzinho – têm que se segurar para não gritar: “Que venha o touro!”
Então surge a noiva! Mais linda do que aquela menina que vimos há alguns dias, quando nos levou o convite – decididamente deslumbrante. O noivo no altar, tem uma expressão indefinida, mas certamente suas pernas tremem. Porém, a cerimônia ainda não começa aí.
Mais uma criança entra, normalmente uma menina, carregando o buquê de flores da noiva; quando a porta abre pela enésima vez, e a criança vê aquela multidão olhando para ela, assustada, não vai levar as flores, algumas se põe a chorar, ou a mãe vem pegá-la no colo para leva-la até a noiva. Por que fazer essa maldade com as crianças?
Finalmente uma coisa séria; o padre ou diácono inicia a cerimônia religiosa da qual vamos “participar” com nosso pensamento e nossas orações para os noivos (é isso mesmo que fazemos?) Os noivos têm todo o direito de ter esse momento de felicidade plena e a nossa presença ali significa que esperamos que essa felicidade continue “até que a morte os separe”.

Amém!