Colégio Assunção, em Piracicaba (2)
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Mãos à obra, eis aberto, a 15 de agosto de 1893, o Colégio Assunção. Matricula-se a primeira discípula: o livro registra Maria das Dores Correia. No céu sorri a Virgem, ao ver desenhar-se esse nome, e numa bênção carinhosa, resolve logo mais mudá-lo para Irmã Maria d’Assunção. À primeira do novo rebanho caberá mais tarde apascentar novas ovelhinhas… A segunda inscrita é Alcídia Teixeira, parente próxima do saudoso fundador do Patrocínio, Dom Antonio Joaquim de Melo. Acolhida com grande júbilo, torna-se a lembrança viva do santo prelado, a quem Madre Teodora dedica a mais profunda gratidão pela graça de ter concorrido para que Deus dela se servisse para dilatar o seu reino.
Madre São João é a superiora da casa, que começa sob tão bons auspícios. Incansável em seu apostolado, conquista para o Assunção fama e prosperidade. A própria Madre Teodora admira-se do rápido progresso da obra. Os visitantes saem encantados com a disciplina e o ensino aí ministrado. A cidade toda se rende aos benefícios recebidos da educação cristã de seus filhos. Os protestantes confessam sua derrota. A Virgem assunta ao céu elevara os corações da boa gente, inundando as irmãs de santa alegria…
Piracicaba parece talhada a proporcionar somente consolações à colmeia josefina. Seria, porém, esse o sinete das obras divinas? Não, e por isso, também para o “Assunção” raiam dias de luto e dor. A primeira dura prova é a perda de uma de suas esperançosas mestras, Irmã Maria Cecília Marcondes Ferraz. Em cinco dias entrega sua bela alma ao Criador, deixando em pranto a superiora e as Irmãs. Madre Teodora, cultivadora de sua vocação, vê assim voar para o céu uma das primeiras alunas do Patrocínio, uma das primeiras paulistas sobre quem o seu coração ardente derramou as primícias de seu apostolado. Colhe assim o Divino Jardineiro mais uma flor no jardim predileto. Leva-a, para que lá do além frutifique em bênçãos e graças sobre as queridas companheiras aqui deixadas…
Não satisfeito com essa prova, o Divino Esposo corta mais uma fatia do pão do sacrifício para saciar a fome do anjo do Patrocínio, Madre Teodora.
Oferece-lhe o banquete em bandeja escarlate. Na noite de 24 de janeiro de 1901, pavoroso incêndio reduz a cinzas o colégio de Piracicaba. A multidão imponente assiste o tenebroso espetáculo. Anos de labor ruem fragorosamente em poucas horas. Salva-se apenas a Igreja, ainda em construção. O Tabernáculo é preservado e, com ele a vida de mestras e alunas, que conseguiram sair incólumes. Apenas três Irmãs e poucas meninas se encontram no prédio à hora do sinistro. É tempo de férias, e as demais religiosas, estão no Patrocínio, entregues ao retiro anual.
A notícia chega célere à casa mãe. O telegrama é aberto por Madre Teodora diante do Altar do Santíssimo Sacramento, testemunha vivo de suas emoções de alegria e de tristeza. Diante de seus olhos desfilam os horrores da cena, mas ao levantá-los para o Sacrário, descobre uma nova luz que ofusca o clarão das labaredas, e, confiante, deixa-se envolver em seus fulgores…

10 de agosto de 1957

Maria Cecília Bispo Brunetti
Acervo – Museu
da Música – Itu