6º Domingo da Páscoa
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Coluna organizada por Nilo Pereira, segundo a exegese do Pe. Fernando Armellini, scj

Leituras iniciais do Sexto Domingo da Páscoa

1ª Leitura (Atos 10,25-26.34-35.44-48)
Para um judeu, era rigorosamente proibido entrar na casa de um pagão. Por causa dessa norma, os primeiros cristãos – quase todos de origem judaica – por muito tempo se perguntaram se Deus queria que a salvação fosse anunciada também aos pagãos.
A resposta é dada na narrativa do batismo de Cornélio, o comandante da guarnição militar romana, que tinha seu quartel em Cesareia, e isto significa que, para o autor, este episódio se reveste de uma importância decisiva para a vida da Igreja.
A passagem de hoje começa apresentando-nos Cornélio, que vai ao encontro de Pedro e se atira aos seus pés em sinal de grande respeito. O apóstolo não aceita esse gesto; ele lembra muito bem com quanta insistência e clareza o Mestre tinha condenado a busca de honrarias e a mania dos primeiros lugares – que os escribas prezavam tanto – fossem introduzidos também na comunidade cristã.
O restante do trecho versa totalmente sobre o problema da entrada dos pagãos na Igreja. Para nós, esse fato não apresenta qualquer problema. Da mesma forma, não entendemos por que alguém deva se espantar “se Deus não faz acepção de pessoas”.
Mas. . . para os primeiros cristãos, as coisas não eram tão simples assim! Como para todos os judeus, eles também pensavam que Deus fazia distinção entre os homens, que preferia mais os descendentes de Abraão que os demais homens.
Em nossos dias também o perigo de fazer discriminações continua existindo nas nossas comunidades? Serão só aqueles que pertencem à Instituição Igreja os privilegiados a terem o direito de sentir-se amados e abençoados por Deus?

2ª Leitura (1João 4,7-10)
Geralmente os filhos se assemelham aos pais, não só pelo seu aspecto físico, pelo tom de voz, pelos gestos, pelos modos de caminhar, de sorrir, mas também pelos sentimentos, pelas reações, pelas atitudes.
A primeira parte retoma essa comparação (vers.7-8) e ensina que o mandamento do amor não é uma lei extrínseca imposta por Deus aos homens, mas uma manifestação externa da nossa realidade interior, isto é, se somos seus filhos devemos ser semelhantes a Ele.
Mas Deus, quem é? Quando podemos dizer que somos semelhantes a ele? Para os judeus do tempo de Cristo, ele era acima de tudo um juiz que tomava nota de todas as ações dos homens, boas e más para, em seguida recompensar ou castigar.
João, na sua carta, nos faz uma descrição de Deus com uma face muito diferente da aparência de um juiz. O amor é a vida de Deus, e é esse amor que ele comunica aos seus filhos. Quem ama, mesmo sem ser batizado, tem em si a vida de Deus: é seu filho.
A segunda parte (ver.9-10) da leitura explica o que quer dizer amar. Nisto se manifesta o amor de Deus: ele nos deu seu Filho, o dom mais precioso. Enviou-o ao mundo não como prêmio porque os homens eram bons, mas como “vítima de expiação dos nossos pecados”.