Precisamos recuperar o verdadeiro sentido do Natal
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Pe. Francisco Carlos
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Candelária

Estimados leitores:

A liturgia do Advento nos preparou espiritualmente, para a grande festa do Natal, onde revivemos o mistério que mudou a história, o nascimento do Menino-Deus e nosso Salvador.

Lembro-me de quando criança, nas semanas que antecediam o Natal, as casas enfeitadas, as ruas das cidades, os bairros, as escolas respiravam o clima de Natal. Era uma atmosfera de muita alegria, éramos estimulados a praticar a bondade e ter um pensamento gentil e de amor para o próximo. Essa abundância de generosidade e cortesia, inseria o Natal em um dos momentos mais sublimes de todo o ano. Era um tempo de grande fascinação a espera do Menino-Deus, que até mesmo quem não tinha fé, se rendia a tão grande festa e alegria, pois a palavra mágica: Natal! encantava a todos e isso era transmitido nos atos do cotidiano.

Mas logo atrás desses sentimentos, manifestou-se também, os aspectos puramente consumistas da festa e, aos poucos, a atmosfera de Natal foi esvaziando-se e o verdadeiro significado do Natal foi dando lugar não à alegria interior. O principal elemento do Natal que é a chegada do Salvador da humanidade, foi substituído por uma alegria externa, meramente comercial e material.

O Natal perde então a sua autenticidade, o seu sentido religioso e torna-se ocasião de fartas mesas e fúteis ações, não mais valorizando o amor ao próximo e os laços familiares.

Hoje mais do que nunca, é necessário recuperar o verdadeiro sentido do Natal, na sua plena essência e readquirir o significado religioso do Verbo Encarnado, que vem à humanidade para nos salvar. É preciso reaver a dignidade do homem, criado à imagem e semelhança de Deus, que foi corrompida pelo vazio comercial e consumista.

Deus veio ao nosso encontro, através de Jesus Cristo, para que possamos ter acesso a Ele e, desta forma, possamos ter as aspirações ininterruptas de justiça, beleza, alegria e paz, para que possamos viver cotidianamente segundo a sua vontade e de acordo com a grande festa do Reino do Céu. Pois essas realidades só são encontradas na plenitude de Deus. O verdadeiro cerne do Natal nos aproxima de Deus, acabando com os abismos existenciais da humanidade, fazendo que a nossa vida seja uma Vida na Graça de Deus.

Mas realmente, quer procurar a Deus? Então olha para o teu irmão, pois cada homem e mulher, no Natal, está em Cristo, a plenitude da manifestação de Deus em nosso meio. Quer amar a Cristo? Ama o teu irmão, pois quando fazes algo de bom a qualquer dos teus irmãos, é a Cristo que estás fazendo. Se te esforças para abrir-te ao amor, paz, bondade e alegria, terás ao seu lado Jesus Cristo, nascido de uma virgem, que encontrará morada em nossos corações e, com isso, construiremos um mundo melhor, mais justo e humano.

É preciso encontrar o Natal em cada irmão que está ao nosso arredor e descobrir a mensagem que parte da manjedoura de Belém. Quando o anjo saudou a Maria, ele usou as palavras “Alegre-te” e “Não tenhais medo”. Precisamos da alegria e da coragem de Maria, para abrir-nos totalmente à vida de Cristo nosso Salvador, fazendo a experiência do amor, perdão e a paz, anunciada pelo Anjo na noite santa. Vamos constituir, neste ano, um Natal que realmente tenha a essência do encontro com o Cristo, para termos a verdadeira alegria, deixando o consumismo de lado.

Caríssimos leitores, com a luz do Natal, que tanta doçura difunde em nossos corações, desejo que não nos deixemos levar pelas tribulações deste mundo, impedindo assim de aproximar-nos do Menino Jesus na manjedoura de Belém.
A todos um santo Natal! Cheio de muita alegria, amor, bondade e paz. Vamos recuperar o verdadeiro sentido do Natal!

Deus abençoe a todos.