As primeiras dificuldades do colégio (1)
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Prezado ouvinte! Já lhe contamos, em crônicas anteriores, o histórico da fundação do Colégio Patrocínio, cujo centenário comemoraremos festivamente no próximo ano. O modo de vida das primeiras mestras e alunas também já foi objeto de nossas palestras.
Transpostos os primeiros obstáculos, naturais a todas as fundações, parecer-nos-ia lógico esperar, daí por diante, sucessos e vitórias.O inimigo, porém, não dorme, e para provar ser divina a obra que se propuseram as valorosas Irmãs de São José, procura, por todos os meios, marcar com os estigmas da humilhação e da dor o trabalho das mesmas.Em 1861, quando ainda se faz tão necessária a orientação do pastor zeloso – idealizador do Colégio – os sinos do Patrocínio dobram tristemente, chorando a morte de Dom Antonio Joaquim de Melo.
Madre Teodora sente-se órfã, desamparada, não tendo com quem repartir suas tremendas responsabilidades. Muito jovem ainda, serve de alvo ao ódio dos inimigos de Cristo, que nela veem um empecilho à realização de seus sonhos ateístas.
O extermínio da obra há pouco iniciada será o ponto de partida para afastá-las da terra brasileira. Gozando influência junto ao governo, tudo pleiteiam contra as “estrangeiras”, e esquecidos do bem da pátria, conseguem seja negada a licença legal para funcionamento do educandário.
Quanta ingenuidade! Desconhecem esses perseguidores de que fibra é formada a alma da grande apóstola. Ignoram que, acima do poder civil, existe outro mais forte, a que ela e suas subordinadas recorrem confiantes, entregando ao Deus dos exércitos a vitória de suas hostes…
Não tarda o auxílio do Alto, e daí a poucos dias, por intermédio de pessoas bastante influentes, o caso é resolvido satisfatoriamente. Mais uma vez os bronzes do Patrocínio badalam festivos, anunciando o início de um novo ano escolar.
Matriculam-se sessenta e três alunas, não sendo maior este número por falta de acomodações para atender aos pedidos, que não cessam de chegar de São Paulo, Minas Gerais, Goiás, Rio de Janeiro etc.
Não só o prédio precisa ser aumentado. Novas missionárias são indispensáveis para compartilhar do trabalho das que já estão aqui.
Assim, segue para a França o Capelão do Patrocínio, entender-se pessoalmente com a Superiora Geral, no pedido de novas obreiras para a messe.
Madre Felicidade mais uma vez procura em seu rebanho as ovelhas que deverão marchar para o sacrifício. Encontra-as movidas do mais puro entusiasmo pela missão, que sabem espinhosa, mas que abraçam confiantes, certas do amparo que nunca lhes faltará!

30 de março de 1957

Maria Cecília Bispo Brunetti

  Acervo – Museu da Música – Itu