Papa Francisco: “O amor extraordinário de Cristo não é fácil, mas é possível”
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Extraordinário: esta foi a palavra que o Papa ressaltou ao comentar o Evangelho deste domingo (19/02), VII Domingo do Tempo Comum. Diante de milhares de fiéis na Praça São Pedro, Francisco definiu “exigentes e paradoxais” as palavras de Jesus, que nos convida a oferecer a outra face e amar os nossos inimigos.

É normal amar quem nos ama, disse o Pontífice, mas agindo deste modo, o Mestre nos provoca dizendo: Que fazeis de extraordinário?

Com efeito, afirmou o Papa, temendo não ser correspondido ou ficar desiludido, preferimos amar só quem nos ama, fazer o bem só a quem é bom conosco, ser generoso só com quem pode restituir o favor. Mas o Senhor nos adverte que isso não é suficiente:

Se permanecermos no ordinário, no equilíbrio entre dar e receber, as coisas não mudam. Se quisesse seguir esta lógica, não teríamos esperança de salvação! Mas, felizmente, o amor de Deus é sempre “extraordinário”, isto é, vai além dos critérios habituais com os quais nós humanos vivemos as nossas relações.

Amor desmedido

Para Francisco, as palavras de Jesus constituem um desafio, já que nos pede para abrirmo-nos ao extraordinário de um amor gratuito. Enquanto tentamos equilibrar as contas, Cristo nos estimula a viver o desequilíbrio do amor, assim como Ele fez conosco. Se Deus não tivesse se desbalanceado, nós nunca teríamos sido salvos e Jesus não teria abraçado a cruz por nós.

Deus nos ama enquanto somos pecadores, não porque somos bons ou capazes de dar algo em troca. O amor de Deus é um amor sempre em excesso, sempre além dos cálculos, sempre desproporcional. Hoje pede também a nós para viver deste modo, porque somente assim o testemunharemos verdadeiramente.

Ousar no bem, arriscar no dom

A proposta de Cristo, portanto, é sair da lógica da vantagem e não medir o amor sob a balança dos cálculos e das conveniências. É ousar no bem, a arriscar no dom, mesmo se recebermos pouco ou nada em troca. Porque é este amor que lentamente transforma os conflitos, diminui as distâncias, supera as inimizades e cura as feridas do ódio.

O Papa convida cada um a se questionar: “Eu, na minha vida, sigo a lógica da retribuição ou a da gratuidade?”

O amor extraordinário de Cristo não é fácil, mas é possível, porque Ele mesmo nos ajuda doando-nos o seu Espírito, o seu amor sem medida. Rezemos a Nossa Senhora, que respondendo a Deus o seu “sim” sem cálculos, lhe permitiu fazer dela a obra-prima da sua Graça.

Deixar-se tocar pelas situações de quem é provado

Após rezar o Angelus, Papa voltou a chamar a atenção dos presentes na Praça São Pedro para os dramas vividos pelas populações vítimas do terremoto na Síria e na Turquia e da guerra na Ucrânia. Lembrou também das devastações sofridas por tantas populações, em particular na Nova Zelândia.

Penso especialmente na Síria e na Turquia, nas tantas vítimas do terremoto, mas penso também nas tragédias cotidianas do querido povo ucraniano e de tantos povos que sofrem por causa da guerra ou por causa da pobreza, falta de liberdade ou devastação ambiental: tantos povos. Nesse sentido, estou próximo também da população da Nova Zelândia, atingida nos últimos dias por um ciclone devastador.

(Fonte: Vatican News)