23º Domingo do Tempo Comum – Leituras Iniciais

Por Nilo Pereira
1ª Leitura (Sabedoria 9,13-18)
O capítulo 9 do Livro da Sabedoria contém uma maravilhosa oração para pedir a Deus exatamente a sabedoria. Não devemos confundir a “sabedoria” da qual nos fala a Bíblia com as muitas noções que aprendemos na escola, pois há escolhas decisivas na vida que não dependem da sabedoria que se adquire nos livros escolares de ciência.
Vale a pena ser honesto ou é melhor pensar só nos próprios interesses ou na nossa própria família, sem se deixar levar por escrúpulos? É melhor fazer prevalecer sempre os próprios direitos ou há situações nas quais é preciso saber perder, saber perdoar, saber renunciar aos próprios interesses?
Para fazer escolhas certas e ponderadas diante de problemas como estes, é necessária a “sabedoria” isto é, a luz que vem de Deus, pois – como diz a leitura – seguindo os próprios impulsos e as próprias intuições, o homem não consegue descobrir o que de fato é o verdadeiro bem.
As nossas opções são condicionadas pela educação que recebemos, pela tradição que assimilamos, pela propaganda política dos partidos que exercem o poder, pelas amizades que cultivamos, pela influência das novelas que assistimos na TV. Não conseguimos decidir livre e sabiamente, não conseguimos seguir pelo caminho certo se Deus não enviar a sua luz do alto, se não comunicar a sua sabedoria (vers.17-18).
Sentiremo-nos mais seguros confiando nos nossos raciocínios ou na palavra de Deus?
2ª Leitura (Filêmon 9b-10.12-17)
Passando pela província da Ásia, Paulo encontrou e converteu ao cristianismo um jovem e rico comerciante de Colossos, chamado Filêmon. Um dia, um de seus escravos, Onésimo (que quer dizer “útil) rouba dinheiro dele e foge para a Europa.
Não sabemos como esse homem encontrou Paulo que nessa época estava preso em Roma; provavelmente Onésimo, malandro que era, ao chegar à cidade com o dinheiro roubado, se mete em alguma encrenca e é encarcerado, onde conhece Paulo.
Os presos, depois dos primeiros dias de desconfiança recíproca, acabam por confiar um ao outro as próprias malandragens, e Onésimo confidencia a Paulo que “deu um golpe de mestre num cara de Colossos, um tal de Filêmon”. Paulo retruca: “mas esse é o meu melhor amigo! Eu lhe anunciei o Evangelho e o batizei! Ah! seu malandro sem-vergonha!”
A partir daquele dia as conversas entre os dois se tornaram mais freqüentes. Paulo fala do Senhor Jesus Cristo e alguns meses depois Onésimo pede para ser batizado. Quando sai da cadeia gostaria de voltar para o antigo patrão, mas não tem coragem.
Na sua carta, Paulo convida Filêmon e os cristãos de Colossos para que não considerem Onésimo como um oportunista e achar que sua conversão não fosse sincera, e que seja bem recebido como filho seu (vers.10), como o seu próprio coração (vers.12) e como um irmão muito querido (vers.16). O que representa um pequeno prejuízo em dinheiro, comparado com a felicidade de reencontrar um irmão? (vers.17-18)