Um jovem sem medo e cheio de fé

A História nos apresenta, de vez em quando, pessoas que nasceram para grandes coisas, cheias de coragem, dispostas a realizar obras extraordinárias, gente que nos inspira pela bravura e dedicação. Algumas pessoas têm como causa a salvação daqueles que o cercam. Bartolomeu Taddei, grande incentivador da fundação do jornal A Federação, foi um jovem sem medo e cheio de fé, cuja trajetória nós pouco conhecemos.
Nasceu a 7 de novembro de 1837 na pequena San Giovanni Valle Roveto, região alta e fria de Aquila, nos Abruzzos. Era um dos filhos de Luigi Taddei e Maria Antonia Selvaggi. Menino devoto da Virgem Maria, depois dos estudos preliminares quis seguir o caminho de seu tio paterno, pároco do vilarejo, Pascoal Taddei, entrando no Seminário de Sora. Tinha treze anos. Dedicou-se aos estudos com afinco. Em 8 de dezembro de 1854, já aluno adiantado, no mesmo dia em que o Papa Pio IX, em Roma, proclamava o dogma da Imaculada Conceição da Virgem Maria, ele fazia seu primeiro sermão no seminário, revelando notável talento para a oratória.
Aos vinte e três anos, quando estudante da Teologia, foi protagonista de um episódio que revelou o seu caráter destemido, apaziguador e de tirocínio, evitando um conflito armado desnecessário entre a cidade de Sora e as forças políticas da unificação italiana. Havia meses, o exército de Giuseppe Garibaldi, vindo do sul, conquistava cidade por cidade, fazendo de toda a península itálica um só país. O povo de Sora temia um enfrentamento, porque o Bispo daquela diocese era próximo dos nobres da família Bourbon, inimigos políticos da unificação. Bartolomeu Taddei era secretário particular de Dom Giuseppe Montieri e, como outros moradores da cidade, estava apreensivo pelo bispo e pelo povo.
Não se intimidou, porém, saiu da cidade, meteu-se no meio dos soldados garibaldinos para entender se eles ofereciam realmente alguma ameaça. Percebeu que não havia má intenção entre eles. Era um grupo pequeno que não traria represália à comunidade. Voltou a Sora, acalmou e desarmou a população. Quando o exército entrou na cidade não houve conflito. O bispo Montieri recebeu voz de prisão, mas logo fugiu para Roma, juntamente com a família Taddei.
Na cidade eterna, Bartolomeu Taddei foi ordenado padre no sábado da semana santa de 1862, dia 19 de abril, em uma capela da Basílica de S. João de Latrão. Coroava, assim, a trajetória de bons estudos e preparação para o sacerdócio católico. Renunciou à tranquilidade de uma vida em família, com esposa e filhos e os prazeres que a vida pode oferecer. Doravante dedicar-se-ia ao outro, sem tempo para si, vivendo as dificuldades que só nos encaminham para Deus.
Só se compreende essa opção de vida lendo a reflexão que ele nos deixou: “a vida espiritual nasce na terra do sacrifício, cresce com o sacrifício e chega à perfeição por meio do sacrifício. Não podemos e nem devemos sair deste santo caminho”.
Luís Roberto de Francisco
Biblioteca Histórica “Padre Luiz D’Elboux”