Pe. Arthur Schwartz Diniz
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Alguns jesuítas da Missão Romana foram muito envolvidos com Itu, como o Padre Diniz, que só trabalhou aqui em toda a sua vida como religioso, ao longo de trinta anos. Nascido em Santo Antonio de Pádua (RJ) a 01 de julho de 1870, aos vinte e um anos veio estudar a última parte da formação regular no Colégio São Luís. Foi o aluno de número 500 em 1892. Conta-se que buscava perfeição espiritual; liderou, inclusive, a Congregação Mariana.
A 22 de fevereiro de 1894 o moço Arthur deixou o colégio para se aprofundar ainda mais na espiritualidade inaciana, entrando assim para primeira turma do Noviciado da Companhia de Jesus no Brasil, instalado em Campanha (MG). A Filosofia estudou no Colégio São Francisco, em Setubal (Portugal) e a Teologia em Burgos, Espanha. Ali foi ordenado padre a 2 de fevereiro de 1904. No mesmo ano já o vemos de volta a Itu.
No Colégio São Luís o padre Diniz foi professor de latim, geografia e história sagrada; lecionou catecismo e dedicava-se ao atendimento espiritual dos convalescentes.

Capela da Santa Casa de Itu

Em 1918, como sabemos, o “São Luís” foi transferido para São Paulo, mas o padre Diniz permaneceu aqui, vivendo na igreja do Bom Jesus. Foram dezesseis anos de trabalho apostólico junto do povo. Nomeado capelão da Igreja São João de Deus da Santa Casa de Misericórdia, cuja imagem vemos na foto, ali celebrava a missa diariamente e atendia aos doentes, confessava, levava a comunhão nos quartos e na enfermaria. Era chamado a qualquer hora para a Unção dos Enfermos. Atendia também as pessoas na zona rural, cavalgando três ou quatro léguas (vinte a vinte e cinco quilômetros) para cumprir o seu compromisso pastoral.
Quase diariamente estava na cidade de Salto, tempo do paroquiato do Padre João Couto. Transformou-se em espécie de vigário coadjutor, celebrando missa e confessando o povo. Visitava famílias e confortava-as. Muitas vezes saía da igreja do Bom Jesus pelas seis horas da manhã e só retornava no fim tarde tomando uma leve refeição diária. O jejum era uma das mortificações que escolheu para a sua vida religiosa.
Tanta atenção com os outros resultou no enfraquecimento de seu corpo. Aos sessenta e quatro anos, muito magro, contraiu a tuberculose que foi a causa de sua morte a 21 de novembro de 1934, na igreja do Bom Jesus. Houve grande comoção popular e do clero.
No necrológio publicado pelo jornal A Federação a 25 de novembro daquele ano assim se expressou o editor: “Bom para com todos, modesto, procurando a todos ocultar os seus méritos e virtudes, tornava o Padre Diniz verdadeiro modelo de sacerdote piedoso, todo entregue ao serviço do Senhor e à santificação das almas, procurando conduzi-las para Deus.”
Na crônica dos jesuítas registrou-se que até pequenos milagres o padre Arthur Schwartz Diniz operou através da crença de gente que o conheceu e desfrutou da sua amizade e santidade.

Luís Roberto de Francisco
Biblioteca Histórica “Padre Luiz D’Elboux”