A gratificante missão de anunciar o Evangelho a outras famílias
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“O que estamos fazendo com o maior e mais precioso projeto de Deus, a família?” A pergunta faz parte das reflexões do casal José Aparecido e Raimunda sobre as colocações do Papa Francisco a respeito do Ano “Família Amoris Laetitia”, que chama as famílias da Igreja a anunciarem o Evangelho a outras famílias. Em entrevista ao jornal “A Federação”, o casal, que representa a Pastoral Familiar na cidade de Itu, afirma que vale a pena dedicar tempo e energia ao anúncio do Evangelho: “vamos aprendendo e crescendo cada vez mais como família”.


José Aparecido da Silva e Raimunda dos Santos Silva completam 30 anos de casados no próximo mês de maio. São pais de Letícia, de 28 anos, e Felipe, de 23. José é gráfico e trabalha como impressor offset. Raimunda é psicóloga cognitiva comportamental e trabalha como psicóloga clínica.
“Foi depois de casados que começamos a participar mais ativamente da Igreja”, contam. Eles participaram do Encontro de Casais com Cristo (ECC) e começaram a atuar na equipe da coordenação do movimento como “casal pós-encontro”. Depois tornaram-se o casal Setorial do ECC na Região 7 da Diocese de Jundiaí, que compreende as 10 paróquias da cidade de Itu. Atualmente são Coordenadores da Pastoral Familiar da Paróquia São Judas Tadeu e participam do Conselho Paroquial. Atuam também como Casal Setorial da Pastoral Familiar na Região 7.
Raimunda já atuou também como ministra da Eucaristia e José atua como técnico de som na paróquia São Judas Tadeu.

Jornal A Federação: Em suas reflexões para o Ano “Família Amoris Laetitia” deste último mês, o Papa Francisco afirma que “Jesus mora no matrimônio” e se expressa através dos gestos de amor dentro da família. Em sua opinião, como as famílias podem cultivar a presença de Jesus? O que atrapalha essa presença nos dias de hoje?
José Aparecido & Raimunda: É possível manter a presença de Jesus dentro da família se incluirmos na rotina familiar momentos de oração e objetos sagrados para não perder o sagrado de vista, para nos lembrar que existe um Deus que olha e cuida de nós o tempo todo… É claro que para isso acontecer precisamos “vigiar e estar atentos” a algumas situações, como ser coerentes nos gestos e atitudes fraternas, controlar as distrações com as redes sociais e tudo que nos rouba um tempo precioso…

JAF: A Exortação Apostólica “Amoris Laetitia” afirma que “a espiritualidade se encarna na comunhão familiar” (AL 316) e lembra também que “a transmissão da fé pressupõe que os pais vivam a experiência real de confiar em Deus” (AL 287). Como é possível desenvolver essa comunhão familiar?
JA&R: Essa comunhão familiar pode ser desenvolvida através da vivência e do testemunho da palavra de Deus, confiando que todas as dificuldades e obstáculos são superados com dedicação, amor e fé. Não é simples e fácil, mas precisamos ser perseverantes em Jesus, Caminho, Verdade e Vida.

JAF: O Papa Francisco pede aos esposos que “se ajudem mutuamente para experimentar a beleza da Igreja doméstica, para ‘fazer Igreja em casa’”. Como podemos fazer isso no dia a dia? Os momentos de oração em família são importantes?
JA&R: A ajuda mútua se dá no estímulo quando o outro tem dificuldades de realizar tarefas; na motivação quando o outro está desanimado por uma expectativa que não deu certo; nos elogios pelos acertos, conquistas e realizações; na correção fraterna quando ocorrerem erros e desacertos. A caridade e o perdão são virtudes a serem vivenciadas primeiro na família depois na sociedade. E, para isso, a oração em família é muito importante – diríamos até, fundamental – para fortalecer a intimidade e sintonia da família com Deus. E isso é tão valoroso, tão valoroso! Basta ver a dificuldade que uma família tem para rezar juntos e como é difícil um momento desse… exige muito, mas é válido pelo valor agregado!

JAF: Segundo o Papa, a família que vivencia a “Igreja doméstica” torna-se também “sujeito da ação pastoral”, especialmente pelo testemunho e pelo exemplo para outras famílias. Nossas famílias estão conseguindo assumir esse papel? O que falta para que esse “chamado a anunciar” seja vivido de forma mais intensa?
JA&R: Existe uma dificuldade no cumprimento desse papel, pois ele exige renúncia e dedicação, e nem todos estão dispostos a pagar esse preço. Porém, é muito gratificante ver os filhos encontrando seus próprios caminhos e buscando fazer o melhor possível. A participação das famílias para responder a esse chamado precisa de comprometimento com o Evangelho de Cristo. Acreditamos que falta para muitos uma capacidade maior de renunciar aos apelos que o mundo impõe como necessários para sermos felizes. E isso tem paralisado as famílias para o chamado a anunciar. No entanto, muitas famílias estão caminhando, assim como nós: muitas vezes tropeçamos e até caímos, mas em Cristo Jesus aprendemos que o importante não é o cair, mas sim o levantar.

JAF: O Papa Francisco pede para que a paróquia seja uma “família de famílias”, “onde cada um se sinta acolhido e amado”. Em sua opinião, é possível realizar isso na Igreja de hoje? Qual o papel da Pastoral Familiar nesse processo?
JA&R: É sempre possível acolher melhor as pessoas, principalmente nas paróquias, com fraternidade e amor. Isso deveria ser uma prática constante dentro e fora da igreja. A Pastoral Familiar tem um papel importante nesse processo que é atuar como pastoral de conjunto, articulando entre as demais pastorais, de modo a melhor realizar esse acolhimento.

JAF: Como mensagem final, o que vocês diriam para as famílias que estão procurando vivenciar os valores do Evangelho, mas que ainda não se abriram para o “chamado a anunciar”? Pela experiência de vocês, vale a pena dedicar tempo e energia para anunciar o Evangelho para outras famílias?
JA&R: Considerando que a família é “o maior e o mais precioso Projeto de Deus”, o que nós (famílias) estamos fazendo desse Projeto? Como estamos cuidando desse Projeto? Porque o Projeto é Dele, mas a missão de anunciá-lo para transformar essa sociedade é da família! Sim, vale muita a pena dedicarmo-nos a anunciar o Evangelho! Apesar de termos plena consciência de que “a messe é grande, mas os operários são poucos, seguimos rezando ao Senhor da Messe que envie mais operários” (Lc 10,1-9). Vale a pena gastar tempo e energia em prol do anúncio às famílias, pois em cada anúncio, em cada missão, nos é concedida a graça de renovar nossas forças, aprendendo e crescendo cada vez mais como família, e isso é muito gratificante!