Pelo reinado social  de Jesus Cristo
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por Altair José Estrada Junior

Para concluir solenemente o Ano Santo de 1925, o Santo Padre Pio XI instituiu, no último domingo do mês de outubro de cada ano, a festa de Cristo Rei. Já o calendário resultante da reforma litúrgica promovida pelo Concílio Vaticano II comemora essa festa no último domingo do ano litúrgico, geralmente no final do mês de novembro. Quer numa data, quer noutra, a solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo Rei do Universo constitui uma insistente admoestação para que a humanidade inteira reconheça Jesus Cristo, o Filho de Deus, como Rei universal do mundo. A ele devem se sujeitar os reis e os príncipes, os governantes e autoridades constituídas, os magistrados e juízes, as artes e as leis. “Cristo deve reinar no espírito dos homens pela fé, na sua vontade pela obediência às leis de Deus e da Igreja, seu Reino visível; nos corações pelo amor e ainda nos próprios corpos para que sejam santos para Deus” (Encíclica Quas Primas, de Pio XI, sobre o Reinado Social de Cristo).
Com efeito, Nosso Senhor Jesus Cristo não veio para estabelecer um reinado temporal neste mundo: “O meu Reino não é deste mundo”, disse a Pilatos pouco antes de ser condenado. Mas logo emendou: “Eu sou Rei. Para isto nasci e para isto vim ao mundo, a fim de dar testemunho da verdade. Todo aquele que é da verdade, ouve a minha voz” (João 18, 36-37). Assim, Nosso Senhor deve exercer um reinado social no mundo: nas nações e em seus dirigentes, nas instituições, nas ciências, nas artes, nas relações comerciais e de trabalho, nas famílias, enfim, em todas as relações humanas, de modo que todas conduzam à verdade da qual Ele veio dar testemunho. Toda a Criação deve submeter-se a essa verdade que é o próprio Cristo.
Lamentavelmente quanto mais a humanidade evolui em termos científicos, tecnológicos, mais se afasta dessa verdade testemunhada por Nosso Senhor. O pecado de nossos primeiros pais no Jardim do Éden jamais foi tão atual como nos nossos dias, quando a todo momento a sociedade brada em alto e bom som contra essa verdade, contra o Evangelho e contra os ensinamentos da Igreja, constituída por Cristo depositária da fé e continuadora de Sua obra neste mundo.
Cristo não reina mais nas nações, mesmo nas que se dizem cristãs, cada vez mais afastadas de Sua doutrina, de Seus valores, à medida que, sob a premissa de serem estados laicos, não submetem suas leis nem qualquer procedimento à verdade revelada. Cristo não reina mais nas artes, no teatro, na música, onde a todo momento é despejado sobre as massas imbecilizadas o feio, o mau gosto e sobretudo o imoral que corrompe crianças, jovens e adultos. Cristo não reina mais nas ciências, sempre em busca de desafiá-lO, de encontrar respostas às questões inacessíveis à inteligência humana, de destruir a fé das pessoas por meio de suposições e “descobertas”. Cristo não reina mais nas famílias, destruídas pelo divórcio, pelo adultério, pelo homossexualismo, pela liberdade exacerbada de seus membros, pela falta de respeito dos pais para com os filhos e destes para com aqueles. Cristo não reina mais nas relações de trabalho, cada vez mais impessoais e dissociadas de valores humanos. Cristo não reina mais no coração das pessoas, que por mais que se digam cristãs, já não têm a doutrina como balizadora de suas vidas, de seus relacionamentos, de suas atitudes.
A sociedade atual, governada por grandes e poderosos organismos internacionais, quer banir o cristianismo do mundo. Empenha-se ferrenhamente por afastar das pessoas toda a influência, todos os valores, todos os “freios” que a religião possa lhes oferecer para, em contrapartida, incutir-lhes um conceito de liberdade absoluta, em que nada seja proibido, de uma felicidade sem limites e de que tudo seja válido em busca dessa felicidade, mesmo afrontar a Lei de Deus. Isso vai desde atrocidades escancaradas como a decapitação de cristãos por extremistas islâmicos no oriente médio até a sutilezas como notícias em jornais alertando que “Vítimas de tragédia em Capitólio estavam em barco chamado ‘Jesus’”. O projeto que essa gente tem para a humanidade não inclui uma família forte, homens e mulheres de verdade, crianças obedientes aos pais, corajosas, artes e ciências a serviço da vida e do engrandecimento da pessoa humana, pessoas que se respeitam como irmãos. Isso tudo fortalece a sociedade e dificulta a implantação de um projeto de poder e dominação.
No início de um novo ano, em tempos tão conturbados em que os verdadeiros cristãos encontram-se cada vez mais acuados perante o secularismo que lhes é imposto, peçamos a Deus para que o reinado social de Seu Filho Jesus Cristo seja implantado no Brasil e em todo o mundo.