A caridade  que transforma
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por Tadeu Eduardo Italiani
Jornalista

Neste domingo, o penúltimo domingo do Tempo Comum, celebramos o 5º Dia Mundial dos Pobres, instituído pelo Papa Francisco. É um dia de reflexão, mais do que isso, é uma oportunidade de ser agentes da caridade e do amor de Deus, para transformar, como cristãos, os ambientes em que estamos inseridos.
A caridade é uma palavra muito usada pelo cristão, porém, se observa ser ela muito mais um discurso do que uma ação. Nesta palavra se encontra um grande peso, pois a sua prática faz com que transformemos o nosso redor e o deixemos com mais justiça, amor e fraternidade, elementos básicos na construção e vivência do Reino de Deus.
Falar e agir com caridade é colocar em prática o amor. Não aquele amor que vemos nos livros, televisão, cinema e teatro, mas sim, o amor de Deus, que na sua infinita bondade, cria o homem à sua imagem e semelhança. A caridade não pode ser uma moeda de troca, resumida apenas em uma doação ou um prato de comida. Ser caridoso é muito mais do que isso e, desta forma, a caridade não pode ser anestesia à nossa consciência. A caridade tem que ser uma ação transformadora.
Não há como falar e agir em nome da caridade sem promover a justiça e a fraternidade, como bem nos descreve o Evangelho. A caridade pressupõe se doar, sair de si e ter compaixão do próximo e necessitado, é se colocar na posição do irmão e sentir as suas dores. Agir com caridade, é ver e sentir compaixão com misericórdia, livre de conceitos pré-estabelecidos e padronizados. Ter uma ação caridosa é não concordar com a injustiça, o desprezo e a marginalização do irmão necessitado. O agir com caridade compreende restaurar no pobre a dignidade de filhos de Deus, criados à sua imagem e semelhança.
Com a caridade, participamos da vida de Deus, que é amor. Ao levar a esperança cristã aos descreditados na vida, levamos a dignidade e os trazemos de volta ao convívio social, do qual um dia foram excluídos.
Papa Francisco afirma na mensagem para este dia, que “o rosto de Deus que Ele revela é o de um Pai para os pobres e próximo dos pobres. Toda a obra de Jesus afirma que a pobreza não é fruto duma fatalidade, mas sinal concreto da sua presença no nosso meio.(…) Os pobres de qualquer condição e latitude evangelizam-nos, porque permitem descobrir de modo sempre novo os traços mais genuínos do rosto do Pai. Eles têm muito para nos ensinar. Além de participar do sensus fidei (sensso de fé), nas suas próprias dores conhecem Cristo sofredor.”
Desta forma, a caridade é um compromisso étnico do cristão, uma identidade transformadora que a cada dia nos leva a conversão. Ser caridoso não é mérito, mas sim testemunho de uma vida cristã, de quem assumiu a Cruz de Cristo como caminho a seguir.
São Paulo Apóstolo nos faz um intenso alerta quando não praticamos a caridade. “Mesmo que eu tivesse o dom da profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência; mesmo que tivesse toda a fé, a ponto de transportar montanhas, se não tiver caridade, não sou nada.” 1 Coríntios 13,2.
Que neste dia dos pobres possamos refletir sobre nosso itinerário de vida cristã e avaliarmos se estamos sendo pessoas caritativas e através do amor de Deus promovendo o Reino de Deus, ou aumentando a pobreza ao nosso redor.