Três memorialistas n’A Federação

A crônica memorialista foi uma constante na história d’A Federação. A cada período alguém se incumbiu de manter viva uma memória da cidade de Itu, da vida religiosa, de personagens do clero, das irmandades, festas e procissões que marcaram a vida católica da cidade.
Nas década de 1970 e 1980, encontramos dois memorialistas; Paulino Domingos Piotto (1924 – 2009) jornalista, colaborava com o jornal desde 1943, no comentário esportivo.
Piotto era ituano. Estudou no Grupo Escolar Convenção de Itu e trabalhou como carteiro, a partir de 1942, transferindo-se no ano seguinte para São Paulo. Atuou também como correspondente em Itu do jornal paulistano Gazeta Esportiva. Na década de 1990 foi diretor do jornal República de Itu. Em São Paulo frequentou amiúde o Clube de Poesia, sempre interessado em literatura. Em 1955 cumpriu mandato de Deputado Federal pelo PSB.
Por muitos anos, Paulino Piotto publicou a revista mensal Efemérides, transformada em coluna neste jornal na década de 1980. Eram pequenas notícias organizadas por dia e mês em anos diferentes, geralmente fatos da história de Itu e memória de personalidades do passado.
Em 2008 publicou “Memória de um Carteiro Antigo”, reunindo informações dessas notícias.
Figura muito ligada à história d’A Federação foi José Clementino de Oliveira, o Juquinha. Originalmente entregador do jornal, na década de 1970 atuava também na redação, na composição de notícias da vida religiosa da cidade.
Roberto Machado Carvalho, em seu livro sobre a trajetória do jornal (2005), assim a ele se refere: “Quem conheceu o popular Juquinha, José Clementino de Oliveira, lembra de sua dedicação ao levar A FEDERAÇÃO aos assinantes, bem como a venda do jornal. Homem simples, perito como pedreiro de construções, grande apreciador dos fatos históricos de Itu. Na sacristia de nossa Matriz, quando das grandes celebrações, com diversos sacerdotes, o nosso Juquinha ficava atento às conversas, em especial, as referentes às lembranças históricas. Ele anotava os acontecimentos e assim, tornou-se um perito ao contar fatos do passado de Itu.”
Provavelmente era bem mais do que isso, deveria ter um arquivo de pesquisas, que é citado ao final de suas matérias, consulta a velhos documentos da igreja, livros tombo, jornais antigos e a memória de gente que ele realmente conheceu e contou. Escrevia bem aquilo a que se propunha. Pertenceu ao Conselho Municipal de Cultura e era muito dedicado a Itu.
O seu filho José Joaquim da Cunha Oliveira foi outro colaborador assíduo do jornal, como o pai, trabalhava na entrega semanal d’A Federação. No início de cada semana, Joaquinzinho passava pelas igrejas e conventos a recolher notícias para publicar; trazia a crônica semanal, festividades, intenções especiais das missas e organizava as informações na redação. Ainda no tempo do pai, ele escreveu matérias memorialistas como “A você, minha velhinha” (27.01.1979), publicado na primeira página, sobre o jornal; “A capela de Santa Cruz” (05.05.1981) e “A festa de Santa Isabel” (12.05.1981). Na década de 1990 criou a coluna Memorial, dedicada à história da Igreja em Itu.
Luís Roberto de Francisco
Biblioteca Histórica
do Bom Jesus
