Solenidade da Bem-aventurada Virgem Maria da Conceição  Aparecida
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Coluna organizada por Nilo Pereira, segundo a exegese do Pe. Fernando Armellini, scj

Leituras iniciais da Solenidade à Virgem Maria da Conceição Aparecida

1ª Leitura (Ester 5,1b-2; 7,2b-3)
Ester é uma jovem judia extremamente bela, órfã de pai e mãe, que cresceu na Mesopotâmia (atual Iraque) para onde fora exilada sob tutela do seu primo Mardoqueu. Um dia é introduzida no palácio do rei Aussuero, que se apaixona por ela e a escolhe para ser sua esposa.
Uma história muito parecida com a Cinderela, não deixa de ser uma novela, mas uma novela de caráter religioso, que contém mensagens de fundo espiritual importantes também para o nosso tempo.
Um homem malvado de nome Amã, porém, – muito poderoso na corte do rei e que pretende ser adorado como um deus – propõe aniquilar o povo judaico porque Mardoqueu recusa a ajoelhar-se diante dele. Tomando conhecimento do perigo, Ester serve-se de sua posição de rainha e da sua beleza para obter do rei a salvação do seu povo.
A leitura narra o momento do encontro de Ester com o rei. Fascinado pela beleza da rainha, sua esposa, Assuero declara-se disposto a conceder-lhe tudo, mesmo que fosse a metade do seu reino. A última parte da leitura contém o pedido de Ester: concede-me, diz ela, a vida e o meu desejo é que seja salvo o meu povo.
A liturgia nos propõe essa leitura na solenidade a Nossa Senhora Aparecida, porque Ester consegue obter a salvação sua e de seu povo através da oração. A oração autêntica é sempre atendida, nos diz Jesus no Evangelho de Mateus cap.7 ver.7-11.
Seremos realmente “devotos” de Nossa Senhora Aparecida se, mediante a oração, alimentarmos em nós a fé e a disponibilidade como a de Maria, em acolher a vontade de Deus mesmo quando for difícil, dura e incompreensível para nós?

2ª Leitura (Apocalipse 12,1,5.13a.15-16a)
Recordemos, antes de tudo que: Apocalipse, o último livro da Bíblia, é o livro da Revelação de Deus, que detalha o fim dos tempos, o julgamento final e a consumação da história com a vitória do bem sobre o mal.
Os principais momentos da cena grandiosa descrita na leitura:
1) A mulher poderia ser Maria, mas quem conhece o Antigo Testamento sabe que a mulher representa a comunidade de Israel formada por 12 tribos (as doze estrelas na sua cabeça).
2) O menino é evidentemente Cristo “destinado a governar as nações”.
3) O dragão e a serpente são o símbolo do mal, as forças contrárias à salvação.
O autor do livro do Apocalipse escreve de maneira codificada para cristãos perseguidos; emprega imagens e símbolos que os seus leitores, acostumados à leitura do Antigo Testamento, sabem imediatamente decodificar.
A mulher, portanto, não é Maria, mas a comunidade, e a liturgia nos propõe esta leitura no dia da solenidade a Nossa Senhor Aparecida. A razão está no fato de que todos os textos do Antigo ou Novo Testamento em que se fala do povo fiel a Deus, podem ser aplicados a Maria. Portanto a comunidade representada pela mulher do livro do Apocalipse é hoje a Nossa Igreja.