Em família: cuidados com o tempo que crianças e adolescentes passam em frente às telas


Com a continuidade da pandemia e a necessidade de ainda mantermos o isolamento social, crianças e adolescentes têm passado cada vez mais tempo em frente às telas de celulares, tablets, computadores e TVs. Seja como forma de entretenimento, de passatempo ou mesmo de estudo, o uso excessivo desses dispositivos pode trazer prejuízos para a saúde. A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) alerta os pais e cuidadores que é preciso estabelecer limites para a utilização desses equipamentos e melhorar o convívio em família.
Um estudo realizado por uma companhia de tecnologia infantil nos EUA concluiu que crianças de 6 a 12 anos estão passando ao menos 50% do seu tempo mexendo em telas diariamente durante a quarentena. Para os médicos pediatras da SBP, o uso excessivo das telas pode trazer prejuízos à saúde: afetar o sono, por causa da luminosidade que interfere na produção da melatonina; atrapalhar na alimentação adequada; prejudicar a audição; provocar dor nas costas e no ombro, pela permanência em uma mesma posição durante muito tempo; e gerar distúrbios visuais. Além de diminuir a socialização e aumentar a obesidade e o sedentarismo, pois as atividades físicas ficam em segundo plano.
O afeto é fundamental
O documento da SBP faz ressalvas sobre o hábito cada vez mais frequente de oferecer para a criança pequena o smartphone ou celular utilizado pelos pais, como forma de distrair a atenção do bebê. Denominada de distração passiva, a prática é resultado da pressão pelo consumismo dos “joguinhos” e vídeos nas telas, algo prejudicial e frontalmente diferente de brincar ativamente, um direito universal e temporal de todas as crianças em fase do desenvolvimento cerebral e mental.
Segundo os especialistas, não há dúvida que as novas mídias preenchem vazios na vida dos filhos. Seja por não terem outra atividade, por estarem aborrecidos e com necessidade de entretenimento, ou nas situações dos “pais ultraocupados”, as crianças e adolescentes acabam passando muito tempo na frente das telas. As consequências, tanto do acesso a conteúdo inadequado quanto do uso excessivo, têm sido constatadas nos relatos de acidentes, abusos de privacidade, distúrbios de aprendizado, baixo desempenho escolar, atrasos no desenvolvimento, entre outros. Segundo os médicos da SBP, as experiências adquiridas por crianças e adolescentes por meio das telas – como a aprendizagem da agressividade e intolerância manifesta nos jogos e redes –, se não forem melhor reguladas, terão impacto no comportamento e estilo de vida até a fase adulta.
Para os especialistas, nada substitui o afeto humano. O olhar, a expressão facial, todo esse contato com a família é vital para a criança pequena. Uma fonte instintiva de estímulos e cuidados que não pode ser trocada por telas e tecnologias e são fundamentais para o desenvolvimento da linguagem, das habilidades cognitivas e sociais.
As principais dicas para controlar o uso de telas pelos filhos

•Crianças menores de 2 anos: não deve ser usado;
•Crianças entre 2 e 5 anos: até 1 hora por dia;
•Crianças entre 6 e 10 anos: até 2 horas por dia;
•Adolescentes entre 11 e 18 anos: até 3 horas por dia, nunca “virar a noite”;
•Todas as faixas etárias: nada de telas durante as refeições e desconectar 1 a 2 horas antes de dormir.
De forma geral, os especialistas da SBP recomendam que pais e responsáveis estejam sempre atentos à utilização que as crianças e os adolescentes fazem dessas novas tecnologias. Veja algumas dicas:
•Oferecer como alternativas atividades esportivas, exercícios ao ar livre ou em contato direto com a natureza, sempre com supervisão responsável;
•Criar regras saudáveis para o uso de equipamentos e aplicativos digitais, além das regras de segurança, senhas e filtros apropriados para toda família, incluindo momentos de desconexão e mais convivência familiar;
•Encontros com desconhecidos online ou offline devem ser evitados; saber com quem e onde seu filho está, e o que está jogando ou sobre conteúdos de risco transmitidos (mensagens, vídeos ou webcam) é responsabilidade legal dos pais e cuidadores;
•Conteúdos ou vídeos com teor de violência, abusos, exploração sexual, nudez, pornografia ou produções inadequadas e danosas ao desenvolvimento cerebral e mental de crianças e adolescentes, postados por cyber criminosos, devem ser denunciados e retirados pelas empresas de entretenimento ou publicidade responsáveis.