18º Domingo do Tempo Comum – Leituras iniciais
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por Nilo Pereira

Sugerimos que antes de lerem estes comentários, façam as leituras na Bíblia

 

1ª Leitura (Eclesiastes 1,2; 2,21-23)

Cerca de duzentos e vinte anos antes de Cristo, vive em Jerusalém um homem sábio que o povo chama Coélet, isto é, aquele que reúne ao seu redor uma assembléia, que ensina a sabedoria a numerosos discípulos.

Para Israel é uma época de mudanças radicais: a atividade econômica recebe um incrível impulso. Muitos israelenses se empolgam com a possibilidade de enriquecer, adaptam-se às novidades, aos novos usos e costumes, só pensam nos bens materiais, chegando alguns a renegar a própria fé e as tradições religiosas do seu povo.

O sábio Coélet, porém, não se deixa contagiar. Ele é um indivíduo que medita sobre o ser humano, sobre, sobre o mundo e sobre o sentido da vida. Por que nascemos e morremos? Por que sofremos? Por que tantas pessoas só pensam nos prazeres? Por que tolos e sábios têm, no fim, o mesmo destino? Vale a pena toda essa agitação se a vida passa como um sopro, como a névoa que se dissolve num instante? Coélet conclui: “Tudo é vaidade!”

Ele aconselha a seus discípulos um moderado aproveitamento de tudo o que a vida oferece, mas deixa sem resposta as questões fundamentais. A resposta não se encontra no seu livro, mas no Evangelho de hoje. Virá de Jesus o convite para que o homem alargue os seus horizontes e não se incline exclusivamente para suas vantagens pessoais.

2ª Leitura (Colossenses 3,1-5.9-11)

“Afeiçoai-vos às coisas lá de cima. . . . .pensai nas coisas lá de cima, não nas coisas desta terra”. Parece um apelo para desprezar este mundo e se desinteressar dos problemas materiais para só pensar no paraíso.

Devemos lembrar que, nesta parte de sua carta, Paulo está se referindo ao Batismo (que naquela época era ministrado aos adultos). Por este sacramento – ensina ele – o cristão morreu para a vida antiga, ressuscitou com Cristo e com ele começou uma vida totalmente nova. “Renunciar às coisas da terra” significa destruir aquela parte do homem que pertence à terra: devassidão, impureza, paixões, maus desejos e a cobiça que é uma idolatria (vers.1-5).

Retoma, em seguida, o mesmo pensamento com uma outra imagem: a da veste. O cristão se despojou do homem velho e se revestiu do homem novo (vers.10). Por que então, depois do Batismo, constatamos em nós também tantas misérias e tantas fraquezas? Porque pelo Batismo o cristão revestido em verdade do homem novo já tem gravada em si a imagem do Criador, mas essa semelhança não atingiu ainda a sua plenitude.

Este trecho constitui um apelo para sermos corajosos, embora reconhecendo que ainda estamos muito longe da semelhança perfeita com o Pai que está nos céus. Somos homens novos mas “nos renovamos” progressivamente.