26º Domingo do Tempo Comum

Diác. Bartolomeu de
Almeida LopesParóquia São Judas Tadeu
“Filho, lembra-te que tu recebeste teus bens durante a vida e Lázaro, por sua vez, os males.”
Evangelho (Lc 16,19-31)
Com a chegada de Jesus, trazendo um ensinamento precioso e inovador, ocorre um choque entre Ele e os fariseus, que, com suas atitudes rígidas, se opunham radicalmente à proposta apresentada. Jesus mostrava a esses líderes religiosos uma nova forma de construir atitudes e relacionamentos entre os homens.
Era necessário que as pessoas se abrissem e acolhessem a mensagem com corpo e alma, respeitando as diferentes culturas, pois o ensinamento de Jesus propunha uma comunhão profunda, alicerçada no bem de todos e para todos.
Entre as comunidades e os bens terrenos, Jesus já apontava para a diferença entre o que é passageiro e o que é eterno. Com essa nova proposta, Ele inaugurava uma maneira diferente de viver e de se relacionar, mais fraterna e solidária. Essa é a demonstração do amor que existe no coração do Pai para o Filho e do Filho para o Pai, amor que todo ser humano é chamado a cultivar e a transmitir ao seu semelhante.
Nesta parábola, rica e profundamente significativa para a reflexão individual, vemos que o homem rico não tem nome — ele é apresentado apenas como “um homem rico”. Isso é revelador, pois o nome é extremamente importante, mas ele é lembrado apenas por seus bens materiais. O outro personagem, embora pobre, tem nome: Lázaro, que significa Eleazar, isto é, “Deus auxilia”.
O rico não percebeu que, ao possuir riquezas, é necessário ter cuidado para não ser dominado por elas. Os recursos devem ser administrados como meios para fazer o bem, e não como senhores da vida (cf. Mt 6,24). Quem ama o dinheiro corre o risco de ser por ele desviado. Feliz é o homem que se conserva íntegro e não se deixa escravizar pela riqueza. É preciso cautela, pois, por mais bens terrenos que alguém possua, jamais eles podem ocupar o lugar de Deus em nosso coração.
O erro do rico foi descuidar-se: não soube administrar bem, nem reservar um tempo para Deus, colocando-O em primeiro lugar antes da gestão dos bens materiais.
Com a morte do rico e de Lázaro, quando o primeiro vê o pobre ao lado de Abraão, inicia-se um diálogo. O rico pede que Lázaro molhe sua língua seca e que desça à terra para avisar seus irmãos, chamando-os à conversão. Abraão, porém, revela que, em vida, o rico criou um abismo enorme entre si e os outros, e que agora esse abismo não pode mais ser transposto: “Mesmo que alguém quisesse passar daqui para junto de vós, ou de lá para cá, não poderia”.
A partir desta parábola, somos convidados a agir com cuidado na administração da vida nesta passagem terrena. Que o Bom Deus nos ajude a fazer sempre o bem, a sermos sensíveis aos que sofrem e a estender a mão àqueles que necessitam não apenas de alimento material, mas também de alimento espiritual.