O Grande Complô, ficção ou realidade?

Embora se tratasse de um romance, ajudou-me sobremaneira a entender o que se passa na Igreja e no mundo de hoje a leitura do livro “O Grande Complô”, de J. C. de Castro Rios. Lançado na década de 1980 pela editora Edicon, li-o ainda quente, uma primeira vez emprestado de um amigo e uma segunda vez, logo em seguida para digerir melhor a trama, em exemplar que tenho até hoje, comprado na Livraria Catedral, que ficava na Senador Feijó, pertinho da Catedral da Sé em São Paulo.
A obra retrata a maior preocupação de Josef Stalin logo que acabou a Segunda Guerra Mundial, que era manter as conquistas conseguidas na Conferência de Yalta (reunião dos Aliados na Criméia, de 4 a 11 de fevereiro de 1945, para definir o futuro do planeta), quando ainda existiam permanentes e sistemáticos focos de resistência ao marxismo em todo o mundo, como era o caso da Igreja Católica. Alguma coisa tinha que ser feita e, para deter a influência da Igreja junto às massas, o meio escolhido foi infiltrar agentes especialmente treinados nas mais tradicionais ordens e congregações religiosas para conseguir, a médio/longo prazo, a audácia de se eleger um papa que fosse teleguiado por Moscou. Foi então planejado “O Grande Complô”, que recebeu o código de “Operação De Profundis”, com várias etapas a serem vencidas antes do atingimento da meta principal, sendo a mais importante delas a paulatina introdução do marxismo na teologia. A capa do livro trazia a silhueta de quatro figuras, uma delas certamente o próprio Stalin, além de um franciscano, um dominicano e um cardeal, nos quais nossa adolescência de universo ainda limitado víamos, respectivamente, o ainda frei Leonardo Boff, frei Betto (Carlos Alberto Libânio) e Dom Paulo Evaristo Arns, expoentes do extremismo de esquerda na Igreja da época.
Não obstante já tenha passado lá seus 35 anos da minha leitura, lembro-me sempre desse livro porque a trama principal consistia na infiltração de agentes nos mais variados setores da Igreja, que pouco a pouco foram se tornando – no caso das ordens religiosas – reitores de colégios, mestres de noviços, prefeitos de menores, professores e diretores espirituais, sem contar a introdução da famigerada Teologia da Libertação no catolicismo. Mas o que mais me impressionou mesmo foi o trabalho que esses homens desempenhavam horas a fio no confessionário. Se por um lado a meta principal da operação era galgar o poder e, em última análise, o Trono de Pedro, por outro havia um intenso trabalho de desconstrução das consciências, da moral cristã, de relativização dos costumes. Nada mais era pecado. Era preciso converter tudo em escrúpulo e, dessa forma, libertar as pessoas daquilo que as atormentava, mas não pelo arrependimento e pelo perdão, mas incutindo nelas a ideia de que não havia mal algum na conduta denunciada ao confessor: “Quem somos nós para julgar?! – seria o jargão a partir dali. Aquilo que a Sagrada Escritura e a Tradição ensinaram por séculos por meio da Santa Igreja já não tinha tanta importância. Devia-se valorizar a tolerância e o amor, em seu conceito amplo e absolutamente dissonante do amor evangélico. E um permissivismo travestido de misericórdia e que substituiria Deus pelo homem na sociedade e nas relações humanas. Até bani-Lo de uma vez das consciências e da civilização, meta perseguida pelo marxismo e seus tentáculos comunistas, nazistas, fascistas e socialistas.
Gradativamente, então, as consciências eram remodeladas, pois que todo aquele laxismo agora pregado soava conveniente e agradável aos ouvidos das pessoas cuja natureza já é marcada pelo pecado e pela concupiscência. Era mais fácil acreditar que tudo o que faziam era coonestável, fruto da sua impotência, que se empenhar numa conversão séria, confiante no auxílio da Graça de Deus. O resultado? Não poderia ser outro: a relativização completa da moral, dos costumes e da própria Fé, de modo a se transformar o mundo num terreno fértil e propício à implantação da revolução marxista. Algo bem na linha da estratégia socialista fabiana. Uma vez corrompidos os conceitos morais nos fiéis e na própria Igreja hierárquica, se alcançaria um oportuno nivelamento dessa massa com o restante da sociedade, já cética e paganizada. Afinal, os valores cristãos, a resignação, o sofrimento e o heroísmo já não poderiam atrapalhar os planos de Moscou.
Felizmente, embora bem tramado, o livro “O Grande Complô” não passa de um romance, de uma obra de ficção.
Será?