Acompanhando o Vaticano II

O concílio ecumênico realizado em Roma entre 1962 e 1965 resultou em mudanças acentuadas na liturgia católica e no posicionamento da Igreja diante do mundo moderno. O papel do jornal A Federação foi fundamental para a divulgação das novas práticas, da adaptação à liturgia.
Os paroquiatos do padre João Bosco de Camargo (10.11.1964 a 22.01.1967), Osvaldo Giuntini (24.01.1967 a 06.07.1968) e Luiz Gonzaga de Melo Camargo (08.07.1968 a 17.07.1971) foram tempo de adaptação. Se as encíclicas de João XXIII e Paulo VI foram fundamentais para a renovação da Igreja Católica, a sua interpretação exagerada suscitou dúvidas e abriu caminhos para desencontros que causaram desinteresse em alguns, escândalo a outros e até o abandono da vida religiosa.
Na época pós-conciliar, por exemplo, muitos padres e freiras pediram a exclaustração, enfraquecendo a imagem que os leigos pouco informados tinham da instituição. Ao mesmo tempo, as novidades da cultura de massa invadiram com força a vida cotidiana, através dos meios de comunicação como o cinema, o rádio e a televisão.
Se a nova liturgia propôs a missa celebrada em língua vernácula, com mudanças no cânon romano que feriram alguns excessivamente tradicionais, outros, na ânsia de permitir que a comunidade celebrasse a Eucaristia de maneira ativa, destruíram imagens de santos e desfizeram retábulos barrocos para adaptar novas mesas para a ceia do Senhor, queimaram coleções de música sacra e venderam os órgãos, admitindo o violão para os jovens cantarem a mesma música das bandas de rock com letras religiosas.
O jornal A Federação tornou-se um meio fundamental para que as mudanças não fossem exageradas. Matérias publicadas em outros jornais católicos foram reproduzidas aqui. As orientações de Dom Jaime de Barros Câmara, arcebispo do Rio de Janeiro eram ostensivamente reproduzidas. Do jornal carioca ultraconservador “A Cruz”, transcreveram-se matérias do ituano padre Luiz Gonzaga da Silveira D’Elboux SJ, invariavelmente condenando abusos na liturgia (5.11.1967).
Ampliou-se o espaço para a publicação da Sagrada Escritura. Do Evangelho de domingo, traduzido por décadas pelo Dr. Manoel Maria Bueno, abriu-se espaço para uma epístola e reflexões acerca desses textos. O padre Robert Godding SJ passou a publicar “Reflexões do domingo”, no início da década de 1970.
Em 1969, publicavam-se os capítulos da Bíblia semanalmente. Um dos responsáveis pela tradução brasileira foi o Mons. Heládio Correia Laurini. As Irmãs do Colégio Patrocínio divulgavam reflexões sobre a liturgia a partir das Escrituras (08.02.1969).
Em 17.05.1969 o jornal publicou “O novo missal”, com detalhes sobre as mudanças de Paulo VI que ficaram até o presente, no rito católico. Em 24.05.1969, com grande destaque, A Federação trouxe o novo calendário litúrgico e, na semana seguinte (31.05.1969) explicou que os santos que não estão no novo calendário não foram “cassados”. Em 23.08.1969, Maria Antonia Luporini Sampaio discutiu o mesmo tema em: “Um santo… uma santa?”
Além da informação, da notícia, este semanário construiu uma ligação muito forte com a comunidade, na passagem da liturgia contemplativa ao protagonismo dos leigos na Igreja.