A Federação, uma fonte de pesquisa
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Ao longo do tempo, o jornal A Federação se tornou importante fonte de pesquisa sobre a vida da Igreja em Itu, sobre eventos passados para quem se interessa por memória e pela história.
O registro que o jornal fez, ao longo de décadas, das práticas religiosas, celebrações, das matérias que publicou (por exemplo boa parte da obra de Francisco Nardy Filho), discursos, artigos e notícias, servem para compor um quadro a quem está levantando fontes para estudar a trajetória de uma instituição, uma família ou uma biografia. Neste sentido são muito importantes os necrológios escritos no jornal desde a sua fundação. Pessoas de destaque social e econômico na cidade, membros do clero, das ordens religiosas e das irmandades receberam elogios fúnebres, alguns com dados sobre a sua vida e obra, outros com seu merecimento diante da religião, o rol de parentes, conteúdo que colabora muito a quem pesquisa. Os necrológios mais antigos traziam inclusive a relação de coroas de flores depositadas no túmulo e os dizeres das faixas, que permite recompor o contexto das amizades dos falecidos.
Essas matérias não eram pagas; tratava-se de um reconhecimento da comunidade aos membros da Igreja e à sua atuação. Geralmente fruto da escrita da própria redação, os necrológios não têm um autor apontado. Os estilos da escrita mudam conforme o tempo e revelam a transformação da linguagem e do próprio sentimento da comunidade diante da morte.
Se, em um primeiro momento, os necrológios são ligados à elite brasileira de Itu, as famílias tradicionais da cidade, na década de 1930 começam a ser mais expressivos das famílias imigrantes que se estabeleceram na região central da cidade e tiveram participação ativa na Igreja.
Em quase todas as edições, há uma lista de falecimentos (como existe até hoje), trazendo idade, estado civil e data do falecimento. Os necrológios vão além disso, uma pequena (ou grande) coluna com um elogio fúnebre.
O convite para as celebrações fúnebres, missa de 7º dia, 30º dia, 1º ano do falecimento ou mais, estas sim eram espaços pagos pela família ou instituição, o que também serve de fonte de pesquisa e informação aos pesquisadores, tentando reconstruir um tanto do período.
As matérias biográficas também eram frequentes n’A Federação. Ao longo do tempo, alguns colaboradores se serviram da folha para elogios, seja na ordenação sacerdotal, formatura, aposentadoria ou mesmo depois que faleceram. Alguns autores são frequentes, além da própria redação: O Dr. João Batista de Souza, vivendo em São Paulo, nas décadas de 1940 e 1950, encaminhava diversos perfis ao jornal. Da mesma forma fizeram o Prof. Tristão Bauer, Francisco Nardy Filho e alguns sacerdotes ituanos vivendo fora da cidade.
O jornal A Federação nunca foi somente um órgão noticioso da Igreja, com matérias religiosas. Foi sempre um espaço cultural para a cidade, o que reflete, aos estudiosos, os interesses e as mudanças nas formas de pensar de cada tempo. Que permaneça assim!