6º. Domingo da Páscoa
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Coluna organizada por Nilo Pereira, segundo a exegese do Pe. Fernando Armellini, scj

Leituras iniciais do Sexto Domingo da Páscoa

Sugerimos que antes de lerem estes comentários, façam as leituras na Bíblia

1ª Leitura (Atos dos Apóstolos 15,1-2.22-29)
Na igreja primitiva havia dois grupos: os cristãos vindos do judaísmo e os vindos do paganismo. As relações entre esses grupos não eram de maneira alguma tranquilas, as tensões eram muito fortes e em algumas comunidades até a Eucaristia era celebrada em separado.
Os judeus, que tinham abraçado a fé, exigiam que os pagãos, que também tinham aderido a Cristo, cumprissem as disposições da Lei do Antigo Testamento e dos rabinos. Os pagãos, evidentemente, estavam convencidos de que para alcançar a salvação era suficiente acreditar em Jesus Cristo. O próprio Paulo defendia a causa dos pagãos. Os judeus podiam contar com o apoio da “hierarquia” (liderança dos apóstolos). Pedro e principalmente Tiago eram da corrente dos “tradicionalistas” (apegados rigidamente à lei judaica e a tradições religiosas), muitas vezes, resistindo. O que fazer?
Foram realizadas reuniões para discutir o problema e chegou-se a um consenso: os pagãos poderiam se considerar dispensados de todas as tradições dos judeus, porém, nas comunidades mistas deveriam abster-se das carnes sacrificadas aos ídolos e evitar também contrair matrimônio com pessoas com as quais tivessem algum parentesco (vers.29).
A mensagem desta leitura é de importância fundamental. A tentação de impormos a todos as nossas tradições, também se repete em nossos dias. Quem anuncia o Evangelho deve distinguir com clareza a essência da mensagem de Jesus da cultura que a reveste.
Em resumo: deve-se prestar muita atenção para não julgar contra o Evangelho o que, ao invés, tem suas raízes na nossa cultura.

2ª Leitura (Apocalipse 21,10-14.22-23)
O livro do Apocalipse se destina aos cristãos que enfrentam dificuldades por causa das perseguições. Para infundir-lhes coragem, o autor revela o que acontecerá no fim dos tempos. Ele considerava o povo de Deus sob a figura de uma esposa muito bonita. Agora o compara a uma maravilhosa cidade (vers. 10-12) da qual descreve: os muros, os alicerces, as doze portas, distribuídas pelos quatro lados.
O número “quatro” na Bíblia indica a universalidade; as “portas” evidentemente se referem à possibilidade de entrar. O sentido da figura é, portanto, o seguinte: o povo de Deus está aberto para o mundo, em direção ao norte, sul, oriente e ao ocidente; dá acolhida a todos os povos, elimina qualquer separação. Rejeita tudo o que divide e discrimina.
Nesta cidade não existe o templo; no céu não haverá mais ritos, cerimônias ou práticas religiosas; o homem não necessitará mais de mediações, encontrará Deus face a face.
E os nossos templos, nossas liturgias, nossos gestos solenes, estão destinados a desaparecer? Trata-se de um apelo para lembrar-nos da precariedade da nossa vida, alertam-nos para a nossa condição de peregrinos neste mundo, para a nossa situação de estrangeiros, ainda distantes da morada definitiva.