O centenário das Irmãs Redentoristas em Itu
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O mês de fevereiro de 2024 lembrou o centenário da chegada e instalação do primeiro grupo feminino da Congregação das Irmãs Redentoristas à América do Sul, instalado no Mosteiro da Imaculada Conceição, em Itu.
A sua origem remonta à vocação de duas jovens cariocas que ingressaram em um mosteiro em Bruges, na Bélgica, e incentivaram a comunidade a uma missão no Brasil. Depois da proclamação da república, diversos grupos missionários europeus vieram estabelecer-se no Brasil, superando o tempo do império em que os noviciados das Ordens religiosas eram proibidos e as vocações brasileiras iam sendo sepultadas pela política liberal. Assim, vieram os Carmelitas da Holanda e instalaram-se novamente em Itu (1918) e em outras cidades pelo Brasil, os Beneditinos e Franciscanos da Alemanha e Dominicanos da França. Os Capuchinhos e Jesuítas já estavam no Brasil desde as décadas de 1850 e 1860, mesmo sem casas de formação.
A Congregação Redentorista (do Santíssimo Redentor) feminina foi fundada pela Madre Maria Celeste Crostarosa (1696 – 1755), na Itália, em 1731, instituindo o hábito vermelho e a vida de clausura. A fundadora hoje já é beatificada.
Foi o redentorista holandês, Padre João Batista Smits que esteve em Itu para a criação da Liga Católica Jesus, Maria e José, na igreja do Carmo, em 1923, que tomou conhecimento de que havia um palacete à venda, casa ideal para a comunidade formada por cinco religiosas. A construção, no alto da Rua do Comércio, é um belíssimo sobrado eclético, erguido vinte anos antes, para residência da Sra. Carolina Prado da Silva Prado, viúva do escritor Eduardo Prado, que morava na luxuosa quinta. Muito religiosa, essa sobrinha e nora de dona Veridiana Prado, mantinha uma capela no imóvel, com o Santíssimo Sacramento e cura dos padres jesuítas da igreja do Bom Jesus, da qual ela era benfeitora das obras de caridade. A casa foi disponibilizada às Redentoristas a valor módico.
Com o tempo, a comunidade cresceu e vieram novas construções em torno da primitiva casa, inclusive a capela, com fachada em estilo art déco. Cerca de cinquenta religiosas professaram votos no mosteiro de Itu, ao longo de cem anos.
O mosteiro ituano deu origem a outros dois da congregação redentorista feminina, um em Belo Horizonte (1952) que, por sua vez originou outro, em Campos de Goitacazes (RJ), em 1970, hoje em São Fidélis (RJ), onde foi capelão, por trinta anos, o antigo pároco de Itu, Mons. Benigno de Brito Costa. Outro nasceu na Colômbia, na década de 1990.
As religiosas, em Itu, dedicam-se à vida contemplativa comum debaixo de seus rigorosos votos. Além das horas de meditação e oração diárias, antigamente elas produziam vinho e doces, a partir das frutas de seu pequeno bosque. Por muitos anos, fabricavam e forneciam as partículas de hóstias distribuídas nas missas em nossa região.
O cotidiano de reclusão, silêncio e meditação marca a história desse pedacinho da cidade de Itu, onde as Irmãs Redentoristas, há cem anos, rezam pelo povo de Deus.