4º Domingo da Páscoa

Coluna organizada por Nilo Pereira, segundo a exegese do Pe. Fernando Armellini, scj
Leituras iniciais do Quarto Domingo da Páscoa
1ª Leitura (At 4,8-12)
“Com que poder e em nome de quem fizestes isso?” (vers.7b). A nossa leitura começa com a resposta de Pedro à pergunta que lhe foi feita pelas autoridades. Esta cura – diz ele – foi feita “em nome de Jesus que vós crucificastes e que Deus ressuscitou dos mortos” (vers.8-10).
Na parte central do discurso (vers.11), encontra-se a citação do Salmo 118,2 que representa a oposição entre a obra dos homens e a ação de Deus. A afirmação do Salmo é uma espécie de analogia do que aconteceu com Jesus; ele foi considerado como uma pessoa perigosa e excluído da comunidade do seu povo.
Como um leproso, do qual todos devem ficar afastados para não se contaminarem, ele foi conduzido para fora da cidade e o mataram. Deus, porém, julgou de maneira diferente a vida de Jesus; considerou-o um Servo fiel, por isso no dia de Páscoa resgatou-o da morte, glorificou-o e colocou-o como fundamento da sua nova construção.
A fidelidade a Cristo pode deixar também os seus discípulos em situações semelhantes à do Mestre. É doloroso sentir-se abandonado pelos amigos e condenado pelos próprios familiares. Nessas horas é preciso lembrar-se que a coerência com o Evangelho deve superar todos os laços humanos.
Concluindo o seu discurso (vers.12), Pedro afirma que Jesus não se limita a oferecer a salvação espiritual. A cura do coxo é somente um sinal da salvação total que ele comunica ao homem. Quando os homens puderem constatar a realização dessa salvação total, só então se sentirão impelidos a acreditar que Cristo ressuscitou.
2ª Leitura (1Jo 3,1-2)
A vida de Deus que o cristão recebe no Batismo é uma realidade espiritual e misteriosa. Falando com Nicodemos, comparou-a Jesus ao vento, que não se sabe de onde vem nem para onde vai; ele existe, constatam-se sinais de sua presença, mas não pode ser visto (ler Evangelho João 3,8).
Os primeiros versículos desta leitura, afirma antes de tudo, que a vida divina é um dom gratuito do Pai, que não pode ser verificado através dos sentidos, mas a sua presença não pode passar despercebida porque produz sinais evidentes, os quais todos podem constatar. Esses são incompatíveis com a maneira de pensar e de agir de quem vive nas trevas. Por isso os adversários de Jesus não conseguiram reconhecer que nele havia essa vida, da mesma forma que em nossos dias os ímpios não sabem perceber a sua presença nos seus discípulos.
A segunda parte da leitura lembra-nos uma verdade muito confortadora: O Pai não espera o dia da nossa morte para nos comunicar esta vida divina; ele a transmite para nós já, agora! Entretanto, essa nova realidade que está em nós se manifestará somente quando for afastado o véu que é constituído pela nossa vida terrena. Quando virmos Deus como ele é, quando formos semelhantes a ele, então perceberemos também quem somos nós, agora (vers.2).