Domingo da Ressurreição do Senhor – Leituras Iniciais
Compartilhe

Coluna organizada por Nilo Pereira, segundo a exegese do Pe. Fernando Armellini, scj

1ª Leitura (Atos dos Apóstolos 10,34.37-43)

Esta leitura é, antes de tudo, um convite para tomar consciência da Verdade fundamental da nossa fé: a ressurreição de Cristo. Muitos reduzem o cristianismo a uma longa lista de imposições de preceitos morais, poucos talvez estejam realmente conscientes de que tudo isso em que acreditamos se resume na intervenção de Deus que em Cristo derrotou a morte.

Este trecho conduz-nos ainda a refletir sobre a nossa missão de testemunhas da ressurreição. O que é a testemunha? É aquele que assistiu a um acontecimento, aquele que viu como se realizou, ouviu as palavras pronunciadas. Os apóstolos são testemunhas de Jesus porque estiveram com ele, comeram e beberam com ele, ouviram os seus ensinamentos e viram os seus milagres.

E nós, hoje, como podemos ser testemunhas se não vimos e não ouvimos nada? E, não obstante, nós repetimos com convicção: somos testemunhas do ressuscitado. De que modo? Somente o somos se tivermos passado pela experiência da ressurreição.

No batismo passamos da morte para a vida (Colossenses 3,3). Se pudermos afirmar que, a partir daquele momento, assim como a cada sacramento que participamos, nossa vida mudou completamente e que nada restou em nós da vida antiga, aí sim, podemos nos apresentar como testemunhas da ressurreição.

Se nas nossas comunidades todos vivem como ressuscitados, se foram abandonadas as obras da morte: os ódios, os rancores, as invejas, se não foram mais cometidas violências, vinganças, adultérios. . .então podemos nos proclamar testemunhas da ressurreição. Ninguém poderá duvidar do nosso testemunho: está fundado em fatos que todos podem verificar.

 

2ª Leitura (Colossenses 3,1-4)

Escrevendo para os cristãos de Colossos, Paulo quer despertar neles a lembrança de que, no dia do batismo, eles nasceram para uma vida nova, vida que se realiza plenamente não neste mundo, mas no mundo de Deus.

A fé nesta vida é que faz a diferença entre os crentes e os ateus. Estes, de fato, têm a convicção de que o homem, contando exclusivamente com suas forças, consegue salvar-se e pensa que a salvação pode ser alcançada neste mundo.

Não é difícil perceber que, ainda que todos os problemas materiais fossem resolvidos, mesmo que houvesse alimento para todos e que o sofrimento e a doença fossem eliminados, restariam ainda algumas perguntas sem resposta no íntimo do coração dos homens: por que vivo e por que devo morrer? De onde venho e para onde vou? Somente Cristo, morto e ressuscitado, tem a resposta convincente a estas perguntas.

Paulo não afirma que os cristãos não devam se interessar pelas coisas do mundo. Eles trabalham e se dedicam como os demais. Todavia, têm a convicção de que a plenitude da vida não pode ser alcançada aqui (vers.2).

As boas obras não podem faltar – nos ensina a leitura de hoje – elas são uma manifestação da vida nova, são sinais da sua presença. São como frutos que podem brotar e crescer somente de uma árvore viva e viçosa.