Madre Teodora, exemplo de fidelidade (1)
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Meu benévolo ouvinte! Madre Teodora é assunto inesgotável. Se todos os dias quiséssemos falar dela, todos os dias teríamos o que contar. O seu vulto de gigante da fé e do heroísmo alonga-se através dos tempos. E, quanto mais o tempo passa, mais se projeta o seu nome a sua obra, porque a projeção das almas eleitas perde-se nas plagas do infinito.
Madre Teodora, morta para o tempo, ainda vive. Vive no desenvolvimento constante de sua vocação missionária, e à sombra das instituições fundadas por ela, milhares de almas vêm se desenvolver, bebendo a largos sorvos a água cristalina da virtude e do saber.
E a interminável falange de suas continuadoras avança, através dos tempos, projetando os reflexos de sua luminosidade, levando almas para Cristo, esculpindo na rocha da história abnegações e sacrifícios, multiplicando os galhos da árvore imensa, carregada de frutos e de bênçãos, um dia semeada, em terras brasileiras, pela francesinha sonhadora…
Sepultada no fundo de uma cova, Madre Teodora ainda dita lições para os que ficaram. Sua fortaleza, seu espírito de fé, sua confiança absoluta no auxílio divino, sua caridade para com os semelhantes, seu amor à obra que se propusera, sua obediência perfeita às regras da Congregação e aos votos pronunciados diante do altar, sua submissão intransigente à vontade divina, seu acendrado apego ao “pão do sacrifício”, sua prudência e tato, sua humildade a toda prova são facetas admiráveis de um caráter sem jaça, que pregam eloquentemente o grande sermão do exemplo a ser seguido pelos que pleiteiam a honra de continuar-lhe os passos…
A venerável serva de Deus, desde o início de sua vida religiosa, dá as maiores demonstrações de uma grande força de ânimo. Os seus sessenta anos de superiorato representam uma série de esforços, de sacrifícios, de sofrimentos de todo gênero. Madre Teodora, porém, para tudo está preparada, porque tira sua força da profunda humildade que lhe faz sentir toda sua fraqueza e desprezo de si mesma, e por outro lado confia amorosa e absolutamente em Deus, que lhe dá a certeza da vitória, a dispõe para sofrimentos.
A sua chegada a Itu e a acolhida pouco fidalga do pastor máximo da diocese D. Antonio Joaquim de Melo, longe de abatê-la, preparam-na para as grandes vitórias. Malgrado as lágrimas que lhe afluem aos olhos ao separar-se de seus entes queridos e da terra que embalara seus primeiros anos, revela em uma frase feliz a fortaleza de ânimo: “Estou muito contente por ver que se cumpre em mim a vontade de Deus.”

25 de maio de 1957

Maria Cecília Bispo Brunetti
Acervo – Museu da Música – Itu