A religiosa é também uma mãe (1)
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Meu atencioso ouvinte de todos os sábados! Nesta véspera do dia mundialmente consagrado ao culto das mães, é-nos grato dedicar o programa de hoje a todas aquelas que fecundaram o seu ventre no grande milagre do amor.
Uma palavra nossa também para a maternidade gloriosa de Madre Teodora, mãe, não na ordem da natureza, mas mãe espiritual de milhares de criaturas, fecundadas pelo seu heroísmo, pela sua abnegação, pela sua dedicação, e hoje, mães felizes de gerações ilustres, orgulho da pátria e da família brasileira.
Traçar, pois, o perfil maternal será hoje o nosso fim. Órfã aos dez anos, ninguém melhor do que ela para avaliar a tortura de perda materna, e por isso mesmo, redobra de fervor e carinho para com suas filhas adotivas, as Irmãs e as alunas, não permitindo que sintam o vácuo deixado pela ausência desse anjo. Tudo faz para que encontrem nela o afeto e o desvelo de verdadeira mãe. Na taça do seu amor a Nossa Senhora procura beber o elixir da bondade e da doçura, para repartir tão precioso néctar com as almas que lhe são confiadas.
Levada pelo seu zelo maternal, esgota-se em atenções e carinhos para com as enfermas, mostrando-se bastante preocupada quando sobre a casa se abate a onda da doença. Sua caridade, nessas ocasiões, não tem limites: pessoalmente busca atender a tudo, e durante o seu longo superiorato, jamais deixa de estar presente aos últimos momentos de suas filhas, mesmo as que longe do Patrocínio, recebem a visita da morte. Sua correspondência nos revela os extremos de solicitude para com as Irmãs e alunas. Quando alguma adoece fora da Casa Provincial, logo seguem suas recomendações à Superiora: “Espero que Irmã X se restabeleça. Nas férias notei que a fazenda do seu hábito era excessivamente quente. Fazendas tão grossas poderão servir para o inverno; mas para o verão é preciso escolher outra mais leve, sem, entretanto, nada alterar no hábito. É um pouco difícil arranjar fazenda apropriada, mas ainda se encontra. Há já algum tempo lhe queria dizer isso e me esqueci. Não me refiro somente à Irmã X, mas a todas e à senhora também. Roupas muito quentes, usadas por muito tempo, fazem mal, debilitam a saúde.”
Seu coração se confrange ao saber do sofrimento material ou moral das ovelhinhas de seu rebanho.
“Se soubesse quanto penso em minha filha, quanto peço pelo seu pronto e completo restabelecimento! Via-a partir tão triste!… e, no entanto, resolvi essa viagem unicamente para que recuperasse a saúde… Não pense em coisas tristes. Abandone-se nas mãos de Deus. Distraia-se, leia pouco, alimente-se bem, durma bastante, deixe as insônias para mim. Escreva-me sempre que puder e fique certa que ninguém lhe quer tanto bem como sua velha mãe e verdadeira amiga.”
Realmente maternal, procura sofrer para que suas filhas não sofram. Dissimula pesares, preocupações, angústias, tudo para que os que a rodeiam gozem de paz e tranquilidade. Não era um de seus lemas “tornar a vida suave aos que nos cercam?… Assim, numa de suas cartas à Madre Geral, podemos admirar esta sua faceta: “…os espinhos, as dificuldades são para mim; o resto da Comunidade não os percebe nem os sofre…”

11 de maio de 1957

Maria Cecília Bispo Brunetti
Acervo – Museu da Música – Itu