5º Domingo do Tempo Comum
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Leituras iniciais do Quinto Domingo do Tempo Comum

1ª Leitura (Jó 7,1-4.6-7)2
O livro de Jó trata do problema que causou angústias para os homens de todos os tempos: por que há no mundo tantas pessoas que sofrem? Quem dentre nós, alguma vez, não questionou os motivos de tantas desditas que acontecem no mundo? Por que há injustiças, guerras, doenças, calamidades, desencantos, explorações? Quem é o culpado? Por que Deus permite essas coisas sem intervir?
Jó é um servo de Deus, que vive rico e feliz num distante país do oriente; é bondoso, generoso, fiel ao Senhor, mas repentinamente tombam sobre ele as maiores desgraças: perde os filhos e a fortuna, é golpeado por uma doença dolorosa e repugnante. Até sua própria esposa sente-se mal ao aproximar-se dele (Jó 1,1-2.13).
Alimentar esperanças que as coisas vão mudar? É um sonho, uma vã ilusão! Só resta-lhe concluir, aflito: “Os meus olhos não mais verão a felicidade” (vers.6-8). Jó não é um homem resignado, não sofre em silêncio, desabafa a sua dor diante do Senhor, tem até mesmo a ousadia de lhe cobrar pelas desditas que é obrigado a suportar. O seu grito de censura talvez nos assuste, parece uma rebeldia e uma blasfêmia. Mas é, ao invés disso, uma oração.
Na língua hebraica há treze palavras para significar o que é a oração. Três delas exprimem formas progressivas de “súplica” a Deus. No primeiro degrau encontramos a oração que se exprime em “palavras”: brota do coração do homem e chega ao coração de Deus. No degrau mais acima há o “grito”. No terceiro degrau encontramos a mais irresistível das invocações para pedir ajuda ao Senhor: “o pranto” (salmo 39,13).
A oração de Jó é composta de gritos e lágrimas. Não esqueçamos: ele grita e chora, embora não o saiba, está invocando a Deus.

2ª Leitura (1Cor 9,16-19.22-23)
O melhor serviço que podemos prestar a um homem é o de anunciar-lhe o Evangelho. No capítulo 9º da primeira carta aos cristãos de Corinto, um pouco antes do trecho relatado pela nossa leitura, Paulo afirma que “aqueles que anunciam o Evangelho devem viver do Evangelho” (vers.14), isto porque – como Jesus ensinou – “o operário tem direito ao seu sustento” (Mateus 10,10).
Esse direito, portanto existe, mas na prática, não é fácil aplicá-lo porque pode ser interpretado como uma oportunidade para enriquecer, para desfrutar privilégios. Quando isso acontece, eles perdem grande parte da própria credibilidade. É por isso que Jesus lembra aos seus apóstolos: “recebestes de graça, de graça daí!” (Mateus 10,8).
Paulo e Barnabé deram esse exemplo de desprendimento total: providenciaram o próprio sustento trabalhando com suas próprias mãos, continuaram exercendo a própria profissão para não sobrecarregar ninguém e dedicaram o restante do tempo para a pregação. Pregam o Evangelho não para obter vantagens, mas por uma necessidade interior do seu coração.
Temos nós a disposição de renunciar a algum direito indiscutível a nosso favor, quando o bem dos nossos irmãos assim o exige?