26º Domingo do Tempo Comum
Compartilhe

Coluna organizada por Nilo Pereira, segundo a exegese do Pe. Fernando Armellini, scj

1ª Leitura (Ezequiel 18,25-28)
(Ler novamente ver.25) Para entender esta leitura é necessário saber qual é o problema que Ezequiel está tratando. O profeta se encontra no exílio e com ele vivem os israelitas deportados para a Babilônia (situada no atual Iraque) depois da destruição de Jerusalém. Eles recordam as suas famílias, suas casas, suas lavouras, enfim, sua terra distante e se perguntam: “como pode ter acontecido essa calamidade? Quem é o culpado pelas nossas desgraças? A culpa é dos pecados dos nossos pais que não deram ouvidos aos profetas e nós pagamos as consequências!” Ezequiel intervém para condenar esse modo de pensar e afirma: “cada um é responsável pelas suas próprias ações; não se pagam os pecados dos outros (vers.26).
Nós também podemos passar pela tentação de atribuir a outros a culpa pela nossa situação: eu sou preguiçoso, não tenho vontade de trabalhar, sou corrupto, me embebedo, uso drogas. . . porque meus pais, porque meus amigos, porque meu filho. . .
Essa maneira de justificar a própria condição é perigosa: a pessoa pode acabar se convencendo que pode continuar como é, que não deve se esforçar para mudar, porque é mesmo inútil, a culpa não é dele, é dos outros.
Aqui há também uma lição importante para nós: é inútil ter dito “sim” a Deus no Batismo, Crisma, Eucaristia, Casamento e, durante a vida, vão sendo renegadas as promessas feitas. A nossa vida inteira deve ser um sim permanente ao Senhor.
A leitura termina com uma mensagem muito reconfortante (vers.27-28): Deus está sempre disposto a ajudar aqueles que, renunciando ao mal praticado, querem reconstruir a própria vida.

2ª Leitura (Filipenses 2,1-11)
Como já ouvimos, a comunidade de Filipos era excelente e Paulo se orgulhava disso. Entretanto, como acontece também em nossas melhores comunidades, havia o problema da rivalidade entre os cristãos. Com muita delicadeza para não magoar seus amigos, Paulo destina umas palavras também sobre este problema (vers.3-4). Para convencer melhor os filipenses, Paulo introduz na sua exortação um hino estupendo, composto naqueles anos e que era cantado em muitas comunidades (vers.6-11).
Ele conta a história de Jesus. Diz: Ele, o Filho de Deus, já existia antes de se fazer um de nós. Desta forma, ele que se despojou da sua grandeza divina e apareceu aos nossos olhos na baixeza e na fraqueza do homem, do homem mais desprezado, do escravo, daquele para quem os romanos reservavam a morte de cruz. O Filho de Deus não perdeu a sua natureza divina, permaneceu como que escondida sob a forma humana que ele assumiu.
Este caminho da humilhação de si mesmo, este rebaixamento até o último degrau, conduziu o Cristo à glorificação. A ele foi dado o domínio sobre toda a criação: é em vista dele que tudo foi feito. Ele não “entrou em campo com o jogo já iniciado” para remediar os desmandos provocados pelo pecado contra o primeiro projeto de Deus. Cristo é o primeiro, o único projeto de Deus.