7º Domingo do Tempo Comum – Leituras Iniciais

Coluna organizada por Nilo Pereira, segundo a exegese do Pe. Fernando Armellini, scj
Sugerimos que antes de lerem estes comentários, façam as leituras na Bíblia.
1ª Leitura (Levítico 19,1-2.17-18)
“Sede santos, porque eu, o Senhor vosso Deus, sou santo” (vers.2). O que quer dizer ser santos? Para nós, santo é aquele que viveu de maneira exemplar, que foi para o céu e que, sendo invocado com fé, pode até fazer milagres.
Na Bíblia esta palavra tem um sentido mais amplo. Quer dizer separado, consagrado a Deus. Santos eram os templos porque estavam “separados” do mundo profano e reservados à divindade. Quem ultrapassava a soleira de um templo saía do mundo dos homens e entrava no mundo de Deus, por isso devia submeter-se a inúmeros e complicados rituais de purificação. Santos eram os objetos porque não podiam ser misturados com as coisas de uso cotidiano. Santas eram as pessoas que conduziam vida diferente das demais. O mais santo de todos, naturalmente é Deus porque ele é completamente diferente de tudo o que existe.
Israel interpretou que Deus, quando nos pede para sermos “santos”, quer que vivamos separados, isolados dos outros povos. Para conservar essa “santidade” multiplicou as proibições desmedidamente: proibição de entrar na casa de estranhos, de tomar refeições com eles e até mesmo de apertar-lhes as mãos.
Para ser santos é suficiente levar uma vida diferente, uma vida que se concretize nas seguintes prescrições: não odiar o irmão, renunciar ao rancor e à vingança, “amar o próximo como a si mesmos” (vers.17-18).
Jesus é quem levará esse amor até às últimas conseqüências. Ele mostrará que o “irmão” que deve ser amado não é somente aquele que pertence à nossa própria etnia, mas todos os homens, também o estranho, o pagão, o inimigo.
2ª Leitura (I Coríntios 3,16-23)
Por que havia tantas discórdias em Corinto? Por que tinham surgido partidos? É porque os membros daquela comunidade não cultivavam sentimentos de amor recíproco, tratavam-se como inimigos.
Para descrever a gravidade da situação, Paulo se serve da imagem do templo de Deus (vers.16-17). A comunidade é como uma construção sagrada onde Deus mora: os tijolos são os cristãos, a divisão é como uma bomba colocada na base desse edifício, como uma colônia de cupins que ataca as madeiras e uma cabana, destruindo-a em muito pouco tempo.
Na segunda parte da leitura (vers.18-23) é retomado o tema do contraste entre a “sabedoria de Deus” e aquela dos “homens”. As discórdias se originam no fato de os membros da comunidade seguirem a “sabedoria dos homens”, o modo de pensar dos homens, não de Deus.
Na sua carta (I Cor 1,18.21.23), Paulo diz que o “Evangelho é uma loucura aos olhos dos homens”; hoje ele ensina que, para Deus, a sabedoria e a esperteza dos homens é loucura (ver.19). Este pensamento nos introduz às interpretações novas e provocadoras que Jesus dá de alguns textos do Antigo Testamento.