13º Domingo do Tempo Comum
Coluna organizada por Nilo Pereira, segundo a exegese do Pe. Fernando Armellini, scj
1ª Leitura (Sb 1,13-15;2,23-24)
Não podia Deus estabelecer que todos nós vivêssemos para sempre? A leitura de hoje enfrenta esse problema e dá a seguinte resposta: todos os seres que Deus criou são íntegros e o homem, criado à sua imagem, era imortal; a morte entrou no mundo por causa do pecado.
Uma assertiva desconcertante! Então, se não tivessem pecado, os homens não morreriam nunca? A ciência desmente categoricamente esta afirmação. A morte física sempre existiu; como qualquer outro ser vivo, o organismo humano, com o transcorrer dos anos, enfraquece, se desgasta e encerra seu ciclo.
Essa morte não incutia medo nos israelitas piedosos do tempo de Jesus. A maioria do povo cultivava profundamente a crença de que a morte não era o fim de tudo, não era uma volta ao nada.
O Livro da Sabedoria, quando fala dos justos, nunca afirma que eles “morrem”, mas que “encerram sua vida”. Denomina a morte deles como “partida”, “libertação”, “mudança” para um outro mundo, um “êxodo” da escravidão para a liberdade.
O versículo imediatamente anterior à nossa leitura nos ajuda a entender. Diz assim: “Não procureis a morte por uma vida desregrada, não sejais o próprio artífice de vossa perda” (Sb 1,12). Não é verdade que quem odeia, quem se vinga, quem pratica violências, quem se deixa escravizar pelas drogas, quem não respeita a mulher, embora desfrute boa saúde, na verdade é um defunto ambulante?
Deus criou o homem para a vida! O homem morre quando já não ama, quando se fecha em si mesmo, quando se torna egoísta. O diabo não é um monstrengo que não pode nem ser visto, nem encontrado. É o mal que se encontra no coração de cada um de nós, é o reino das trevas, do ódio, do pecado. Quais são as iniciativas que a nossa sociedade cristã está tomando para promover a vida?
2ª Leitura (2Cor 5,7.9.13-15)
Aproximadamente vinte anos depois da sua fundação, a comunidade de Jerusalém passa por sérias dificuldades. Houve algumas calamidades naturais, faltaram chuvas, as colheitas das lavouras foram inexpressivas e muitas pessoas já não têm mais nada para comer. Paulo tem a idéia de apelar para os cristãos das outras comunidades. De viva voz e por carta, exorta a todos para organizar uma coleta de dinheiro e de gêneros de primeira necessidade para serem enviados a Jerusalém.
No trecho de hoje são apresentados dois motivos com os quais ele procura convencer os cristãos de Corinto. O primeiro (vers.9) é o exemplo de Cristo: ele que era rico, fez-se pobre para partilharmos da sua riqueza. O segundo (vers.13-15) é a necessidade de promover condições de igualdade. Não se trata de nos reduzirmos à miséria para ajudar os outros, mas sim, de não guardarmos para nós, egoisticamente, bens que Deus deseja distribuir aos mais pobres.
Esta leitura lembra a todas as nossas comunidades a obrigação do auxílio mútuo e da partilha dos bens.