Missão Romana dos Jesuítas em Itu – Padre Raphael M. Galanti
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por Luís Roberto de Francisco
Biblioteca Histórica “Padre Luiz D’Elboux”

Quando nos perguntamos quem escreveu, no Brasil, os primeiros livros didáticos de história, esbarramos em autores clássicos como Rocha Pombo, cuja obra foi editada em grande quantidade para escolas públicas em alguns estados do país. Antes disso, em Itu, o Colégio São Luís contava com um material próprio, de autoria do seu mestre, padre Raphael Galanti. Além de um volume de “História Universal”, editou a “História do Brasil” em quatro volumes e uma pequena “História do Brasil para crianças”, em forma de perguntas e respostas. Deixou também “Biografias de homens ilustres do Brasil” e uma “Gramática Inglesa”, frutos do interesse do professor-pesquisador. Todas as publicações citadas constam do acervo da Biblioteca Histórica da Igreja do Bom Jesus.
O nome e o prestígio que Galanti conquistou como professor e escritor rendeu-lhe o honroso título de Membro Correspondente do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, instituição que reunia pesquisadores quando ainda não havia universidades no Brasil. Ele também pertenceu ao Instituto Arqueológico Pernambucano e aos Institutos Históricos de Santa Catarina e São Paulo; foi membro do Centro de Ciências, Letras e Artes de Campinas.
Atualmente seu trabalho é objeto de estudos, inclusive em Itu, onde é patrono de uma Cadeira na Academia Ituana de Letras.
Galanti nasceu a 15 de novembro de 1840 em Cepparano (Ascoli Piceno). Entrou para a Companhia de Jesus aos dezenove anos (30 de setembro de 1860). Feitos os estudos no Colégio Romano, veio para o colégio jesuíta de Florianópolis lecionar gramática latina, história, geografia, a aritmética (1866 a 1869). Retornando à Europa, fez os estudos de Teologia na Inglaterra. Ordenado padre em 1872 foi à Bélgica completar a formação espiritual, orientado pelo aclamado padre Petit SJ. Esse encontrou despertou no jovem padre o talento notável de diretor de exercícios espirituais e confessor, procurado por alunos e mestres.
Galanti chegou a Itu em 22 de novembro de 1874. Além das disciplinas já citadas, lecionou francês e inglês. Exerceu também tarefas administrativas como Ministro do colégio e conselheiro da Missão Romana. Substituiu o padre Taddei na capelania do Conventinho, quando o missionário estava viajando.
Entre 1878 e 1881 lecionou Filosofia e História no seminário diocesano em Belém do Pará, experiência diferente, fora de sua Ordem religiosa.
Por mais dezoito anos esteve no Colégio São Luís, consagrando-se como um dos grandes mestres do educandário. Em suas memórias o padre Schwenck assim descreve o professor: “Nas suas aulas exigia sempre dos alunos perfeita disciplina, atenção e cumprimento dos deveres da aula, premiando e louvando os diligentes e fortemente, às vezes, repreendendo os preguiçosos.”
Em 1899, antes de completar sessenta anos foi transferido para o Colégio Anchieta de Nova Friburgo e ali contribuiu para o renome do corpo docente.
Os três últimos anos da vida, padre Raphael Galanti passou alquebrado pela paralisia, decorrente de um AVC. Faleceu em Nova Friburgo em 02 de agosto de 1917, morte noticiada nos grandes jornais do país.

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