Troca de técnicos: falta de comprometimento e responsabilidade

Na semana passada escrevi sobre o desafio de ser técnico no Brasil, onde na média, um treinador permanece por cerca de seis meses no comando de uma equipe. A sequência de resultados negativos e as eliminações, precoces ou não, são os principais motivos que ajudam a explicar a dança das cadeiras, mas pasmem, o Cruzeiro depois de dispensar Enderson Moreira foi atrás de Rogério Ceni.
O time da capital mineira ultrapassou os R$ 9 milhões de custos com rescisões de treinadores nos últimos 12 meses. Somente a saída do técnico Enderson Moreira, na terça-feira, custou aos cofres do clube R$ 350 mil. O acumulado representa cerca de três folhas salariais dos atletas neste momento. Na quarta, o clube anunciou a contratação de Ney Franco.
A maior dívida é com Mano Menezes. O caso está sendo discutido na Justiça do Trabalho, já que o Cruzeiro não pagou os valores acertados no momento da rescisão, em agosto do ano passado. Mano cobra, somadas as duas ações, mais de R$ 5 milhões. Na primeira sentença, no fim de julho, a Justiça do Trabalho deu ganho de causa no valor de R$ 2,8 milhões ao treinador. Ele ainda move uma cobrança por direitos de imagem. O caso foi levado à Vara Cível.
A Rogério Ceni, substituto de Mano Menezes, o Cruzeiro teve um custo de R$ 1,9 milhão com a rescisão. O treinador, na época, não acertou parcelar o valor. Seu substituto, Abel Braga, ficou por dois meses e teve direito a receber pouco mais de R$ 2 milhões, entre salários e rescisão.
Tem também Adilson Batista. O treinador, contratado para tentar impedir o rebaixamento inédito do clube, continuou para a temporada 2020, deixando o clube em março, após derrota para o Coimbra, pelo Campeonato Mineiro. A multa contratual era de R$ 600 mil e, até então, não havia sido quitada.
Agora, ao acumulado, soma-se a multa contratual de Enderson Moreira, que durou quase seis meses no clube. Agora, chega Ney Franco, que traz mais três membros da comissão técnica e também assume o clube com muita pressão por bons resultados.
Por outro lado, destoando e sem explicação, não que precise claro, o técnico Itamar Schülle deixou o Santa Cruz na terça-feira, em meio a um ótimo começo na Série C do Brasileiro, onde o time é o segundo colocado do grupo A, mesmo número de pontos que o Ferroviário, 10, perdendo no saldo de gols. Seu destino deve ser o Oeste, que está na lanterna da Série B. Apesar de não confirmar oficialmente que está fechando com o time do interior de São Paulo, Schülle não explicou claramente sobre a saída do Arruda, mas o que leva a troca.
E o Bahia acerta com Mano Menezes até dezembro de 2021
Sem técnico efetivo desde a última quarta-feira, quando demitiu Roger Machado, o Bahia chegou a um acordo com o técnico Mano Menezes. Que está sem trabalhar desde o fim de 2019, quando deixou o Palmeiras. Mano acertou com os baianos e vai assinar até o fim de 2021.
As conversas estavam adiantadas já no fim da semana passada, mas um triste imprevisto no sábado – quando o preparador físico Eduardo Silva, o Dudu, que trabalha desde a base do Internacional com Mano, sofreu AVC e teve que passar por cirurgia – suspendeu temporariamente a negociação. Mano ainda vai visitar a família de Dudu no interior de São Paulo antes de viajar a Salvador. Há chances até dele ir ao jogo de quinta contra o Grêmio, antes de começar o trabalho.
O último trabalho de Mano Menezes foi no Palmeiras, em 2019. Ele ficou à frente do Verdão por três meses, período em que conseguiu 11 vitórias, cinco empates e quatro derrotas em 20 partidas disputadas. No ano passado, além do time paulista, ele comandou também o Cruzeiro.
Assim, mais uma vez, cabe a pergunta: dirigentes dos clubes no Brasil tem comprometimento e/ou responsabilidade com o que? Com certeza não é com a instituição!!!