Missão Romana dos Jesuítas em Itu – Padre Lourenço Rossi
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por Luís Roberto de Francisco
Biblioteca Histórica “Padre Luiz D’Elboux”

Construir novo edifício para o Colégio São Luís em terreno plano e voltado para a atual Rua Benjamin Constant era determinação e projeto deixado pelo padre Alessandro Ponza, Visitador da Missão Romana, ao partir de Itu em 12 de janeiro de 1868. Mas não havia recursos suficientes. Ao retornar de Florianópolis, dez meses depois, ele cedeu às questões pecuniárias, mudou o plano para a lateral da igreja do padre Campos Lara e assim ficou.
Em janeiro de 1869 teve início a edificação do educandário, tendo por mestre de obras o jesuíta Juan Pocoví, das Ilhas Baleares, experiente e obstinado profissional. Um dos seus desafios era cortar pedras de Varvito para o alicerce da fachada, dado o acentuado declive. Foi Lourenço Rossi “que ensinou ao Irmão Pocovi o modo de fazer as minas, para tirar aquelas pedras, que ele mesmo (…) colocou nos fundamentos desse colégio” (Crônica de José Schwenck).
Rossi, que chegou a Itu a 24 daquele mesmo janeiro, nasceu em 2 de março de 1845 em Castro Maggiore, Itália. Ingressou na Companhia de Jesus em 1862 em Roma, onde estudou Retórica e Filosofia.
Nos cinco anos de vida em Itu foi professor de gramática e prefeito dos alunos menores, vivendo a transição do colégio ao prédio novo.
Depois cursou Teologia em Laval, na Normandia, onde foi ordenado padre. Viveu um ano de espiritualidade em Lion e lecionou no Colégio de Malta.
Em 1881 estava novamente no colégio São Luís, agora na função de Ministro, responsável pela disciplina do internato. O padre Lombardi, seu coetâneo, narrou as estratégias do padre Rossi com certos alunos “Quando tinha conhecimento de algum meninozinho insolente em demasia e moleirão, fazia-no conduzir a si num feriado, e tendo-o esquadrinhado de alto a baixo com ar de grande mistério, lhe palpava o pulso e sem mais lhe indicava a doença que o ameaçava e que estava para tomar conta dele e porquanto o coitado protestasse com lágrimas de estar bem de saúde, não havia remédio que despir-se e deitar-se, sujeito em tudo ao regime da enfermaria. (…) estas coisas, executadas com grande solenidade, produziam um sábio arrependimento, com propósitos muitas vezes sinceros de melhor conduta.”
Em 1885 lhe coube organizar o novo Colégio Anchieta, em Nova Friburgo (RJ), do qual foi o primeiro, dinâmico e respeitado reitor. Por quatro anos dirigiu-o, iniciando a construção do belíssimo edifício. Porém, uma enfermidade causou-lhe hematomas por todo o corpo, obrigando-o a longo tratamento com especialistas no Brasil e na Europa. Aceitou com paciência as fortes dores. Continuou seu apostolado missionário nos hospitais em que esteve internado, pregando e confessando.
Sua morte, catorze anos depois, a 17 de janeiro de 1903 causou comoção em Nova Friburgo, reunindo trabalhadores e sitiantes pobres, amigos com quem o notável intelectual, padre Lourenço Rossi, adorava prosear.
Para o ex-aluno José Torres de Oliveira ficou uma imagem positiva: “Padre Lourenço Rossi era um gigante, mas extremamente bondoso”.

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