Missão Romana dos Jesuítas em Itu – Padre Louis Le Gonidec
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Luís Roberto de Francisco
Biblioteca Histórica “Padre Luiz D’Elboux”

Padre Louis Le Gonidec nasceu em Rouen, França, a 12 de outubro de 1834. Contava trinta e dois anos e já era padre em 23 de novembro de 1866, quando entrou para a Casa de Provação Romana dos jesuítas. Era outro sacerdote em busca de uma experiência religiosa mais profunda a partir dos Exercícios Espirituais de Santo Inácio. Após o noviciado, a sua primeira missão foi vir ao Brasil, atuar como docente no Colégio São Luís. Chegou a Itu em 24 de janeiro de 1869 e logo entrou no ofício de prefeito da capela colegial, ou seja, a igreja do Convento Franciscano, dedicada a Luís de Tolosa. Vale lembrar que o padroeiro do colégio é outro, o jesuíta São Luís Gonzaga (1568 – 1591).
A igreja do convento franciscano de Itu era muito antiga e tinha por padroeiro São Luís, que foi bispo de Tolosa (Toulouse) no séc. XIII. Membro da família real napolitana, Luís renunciou aos títulos para fazer-se franciscano no contexto das Cruzadas. A antiga imagem do convento (que ilustra este artigo), ainda conservada na igreja de São Benedito, o ostenta como bispo, porque foi sagrado aos 22 anos. Se os jesuítas não difundissem a devoção ao padroeiro do colégio – Luís de Gonzaga – desde que chegaram aqui, certamente haveria confusão entre os homônimos.
O padre Le Gonidec conheceu um pouco da história do convento, através da obra “Notas históricas de Itu”, lançada justamente no ano em que esteve aqui, por Joaquim Leme de Oliveira Cesar, amigo do colégio, que assim se referiu à igreja de São Luís: “A altura e proporções do novo edifício indicam que sua construção é de mais de cem anos posteriormente a do velho convento, aonde existiam outrora muitos respeitáveis e virtuosos frades. Mas há bastante tempo que este nobre edifício, elevado a custa dos ituanos, não era mais habitado por eles.” O prédio era de 1692 e passou por reformas algumas vezes. Em 1907, após incêndio, foi demolido.
Além de zelar pelo serviço espiritual da igreja, Le Gonidec foi incumbido das aulas de inglês, francês e história universal à primeira classe. Assistiu às celebrações finais do ano letivo em um espaço do convento transformado em teatro. Foi uma representação do presépio e um drama sobre os Mártires Japoneses com música da banda e da orquestra organizada entre os alunos.
No Natal daquele ano, Le Gonidec conheceu o Conde D’Eu, seu conterrâneo, que visitou as instalações e, de volta à Corte, teceu elogios ao corpo docente.
Retornou à Europa em 1870 levando a experiência do ensino de línguas para colégios em Laval, Viena e Roma. Boa parte do restante de sua vida passou estudando e escrevendo, inclusive como auxiliar do Prepósito Geral da Companhia, P. Luís Martin.
Le Gonidec passou os últimos anos em Castel Gandolfo onde faleceu a 30 de janeiro de 1918, aos 84 anos. Foi o segundo francês a lecionar no colégio.

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