A Teologia do Corpo (I): Introdução
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por Pe. Enéas de Camargo Bete

Caros amigos, começamos hoje uma nova série de artigos. Neles veremos aquilo que para muitos é a grande herança teológica do Papa São João Paulo II, a Teologia do Corpo (TdC).

O interesse pelo tema começa no jovem padre Wojtyla nas reuniões e partilhas com casais e jovens sobre as dificuldades em relação ao amor, ao matrimônio, a sexualidade e a fecundidade. Enquanto lecionava na universidade, formou-se em torno dele, um grupo de cerca de 20 jovens, batizado como “Rodzinka”, a “pequena família”. Eles se reuniam para as orações, discussões filosóficas e teológicas e ajudar os pobres e doentes. O grupo eventualmente cresceu para cerca de 200 participantes e suas atividades expandiram-se, a ponto de incluir viagens anuais para esquiar e praticar o caiaquismo.

A experiência que o padre Wojtyla ganhou a partir dessas reuniões e discussões ajudou-o a desenvolver a matéria-prima para seu pensamento. Sua preparação teológica e filosófica na área da antropologia, juntamente com sua tese de doutorado sobre “A fé em São João da Cruz”, sua formação tomista, a fenomenologia e o personalismo cristão, assim como, a sua vida de oração e de fé, concederam-lhe a possibilidade de publicar, em 1960, já como bispo, o livro “Amor e Responsabilidade”, que está dividido em cinco capítulos: A Pessoa e o Desejo Sexual; A Pessoa e o Amor; A Pessoa e a Castidade; Justiça para o Criador; Sexologia e Ética.

As catequeses sobre a TdC foram pensadas e rascunhadas na sua maior parte em Cracóvia, na Polônia, enquanto exercia o seu episcopado, e a intenção era que esse trabalho se tornasse um novo livro. Com sua eleição como sucessor de São Pedro, em 16 de outubro de 1978, João Paulo II, que sabia do quanto o Beato Papa Paulo VI havia sofrido por sua Encíclica “Humanea Vitae” e o quanto de mal trouxera a chamada Revolução Sexual, decide divulgar às quartas-feiras, em forma de catequeses, a TdC. Assim, podemos definir a TdC como o resultado de 129 audiências pronunciadas no início de seu pontificado, entre 1979 e 1984 (excetuando-se o período em que sofreu o atentado, bem como o de sua recuperação), sobre o amor humano no plano salvífico de Deus.

Diante de uma sociedade que banaliza o amor, o corpo, a sexualidade e, por consequência, o próprio ser humano, George Weigel, um biógrafo do Papa, disse ao descrever a TdC que ela é como “um tipo de bomba relógio teológica programada para explodir com consequências dramáticas e restauradoras no século XXI sobre o plano de amor de Deus para o homem (…) De fato, é uma reviravolta antropológica diante de tantos ‘ismos’ atuais; a TdC é um sopro de esperança para a restauração do amor humano em toda a sua plenitude” (Witness to Hope, 343).

São João Paulo II dividiu toda essa riqueza em seis ciclos, com o intuito de facilitar a compreensão dos temas tratados, a saber: No Princípio; A Redenção do Coração; A Ressurreição da Carne; O Celibato Cristão; A Sacramentalidade do Matrimônio; Amor e Fecundidade. Veremos em artigos futuros cada um de seus ciclos, bem como seus aspectos relevantes.

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