A Basílica dos três imperadores
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por Evandro Antônio Correia

Após a fundação «constantiniana» da basílica paulina, ela se tornou insuficiente para acolher os numerosos peregrinos. Ali acorriam, de todas as partes do mundo, onde o cristianismo havia chegado, para venerar e rezar sobre a sepultura do Apóstolo. O excepcional prestígio religioso adquirido por s. Paulo, durante suas viagens, não era equivalente às dimensões do lugar onde se encerram seus despojos. A Corte imperial, que estava em Constantinopla, teve conhecimento da urgente necessidade de erigir um templo vasto e suntuoso. O «rescrito imperial», reenviado ao prefeito da Urbe (Roma), Sallustio, em 386, os três Augustos (Valentiniano II, Teodósio II, Arcádio) aprovaram a nova edificação. A nova munificência desencadeou a construção da segunda basílica e nomes importantes, nessa tarefa, são: papa Sirício (a consagrou em 390) e o arquiteto Ciriade.
Por mérito do arquiteto a construção pôde ser realizada conforme as disposições imperiais. Inverteu a posição do novo edifício, estendeu o vasto projeto planimétrico colocando as portas em direção ao rio Tibre. Alargou com cinco naves, sustentadas por oitenta colunas, artisticamente escareadas, de mármore precioso, provenientes dos templos pagãos abandonados. Deu-lhe um espaçoso transepto e nova abside (com o dorso para a via Ostiense), para poder alargar a nave basilical, oferecendo melhor apoio. Pela sua monumentalidade o nome de «Basílica dos três Imperadores bizantinos» ou «teodosiana». Foi a maior igreja de Roma até a renascimental basílica vaticana.
E as muitas dádivas levaram a realizar preciosas decorações. Do século V, a decoração do Arco triunfal com mosaicos (escola romana), oferecida pelo imperador Honório e sua filha Galla Placidia, a pedido do papa Leão Magno, apresenta a cena do Apocalipse: Cristo e os anciãos, com Pedro e Paulo nas extremidades; as duas colunas de granito que o sustentam até hoje, são feitas de um único bloco. Desse período, a série de afrescos mais antiga de 42 medalhões representando os primeiros papas e a pintura da vida de s. Paulo, foram perdidos no incêndio de 1823.
A atual «Porta Santa» (a Porta Bizantina), oferecida por Pantaleão de Amalfi, fundida em Constantinopla a pedido de s. Hildebrando (s. Gregório VII), no ano 1070. Foi a porta principal e contém 54 painéis que narram a vida de Cristo e dos apóstolos.
O mosaico da abside (século XII), da escola veneziana, representa Cristo no trono ensinando, com Paulo, Pedro, André e Lucas e outros apóstolos. E no centro, abaixo da faixa horizontal (que não se vê), estão representadas as figuras de cinco Santos Inocentes. Diz a tradição que Santa Helena, mãe de Constantino, também trouxe da Terra Santa os ossos de algumas crianças, acreditaram fossem daquelas mortas por Herodes. Estavam depositadas junto à sepultura.
O baldaquino do Altar papal, sobre o túmulo, um espetacular exemplo da arte gótica italiana (1285). Obra de Arnolfo di Cambio, que assimilou a técnica da intársia em pedra colorida e vidro dourado.
Contudo, o incêndio de 1823 arrasou-a quase completamente e, o que hoje admiramos, foi reconstruído, restaurado, modificado nos anos seguintes. Mas isso é assunto para o futuro.
Até mais!

Evandro Antônio Correia é
Mestre e Doutor em Direito Canônico pela
Pontifícia Universidade Lateranense-Roma.
Bacharel em Filosofia e Teologia pelo Pontifício
Ateneu de Santo Anselmo-Roma.
Bacharel em Relações Internacionais
pela Universidade de Sorocaba.

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