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por Diác. Ézio Ribeiro
Par. Senhor do Horto e
São Lázaro

O Evangelho deste domingo apresenta um convite à conversão ao Reino. Destina-se à multidão, em geral, e aos discípulos que rodeiam Jesus.O texto apresenta duas partes distintas, embora unidas pelo tema da conversão. Na primeira parte, Jesus cita dois exemplos históricos que, no entanto, não conhecemos com exatidão (assassínio de alguns patriotas judeus por Pilatos e a queda de uma torre perto da piscina de Siloé).
Apesar disso, a conclusão que Jesus tira destes dois casos é bastante clara: aqueles que morreram nestes desastres não eram piores do que os que sobreviveram. Rejeita, desta forma, a doutrina judaica da retribuição segundo a qual o que era atingido por alguma desgraça era culpado por algum grave pecado. No caso presente, esta doutrina levava à seguinte conclusão: “nós somos justos, porque nos livramos da morte.” No entanto, Jesus pensa que, diante de Deus, todos os homens precisam se converter.
A última frase do vers. 5 (“se não vos arrependerdes perecereis todos do mesmo modo”) deve ser entendida como um convite à mudança de vida; se ela não ocorrer, quem vencerá é o egoísmo que conduz à morte.
Na segunda parte, temos a parábola da figueira. Serve para ilustrar as oportunidades que Deus concede para a conversão. O Antigo Testamento tinha utilizado a figueira como símbolo de Israel, inclusive como símbolo da sua falta de resposta à aliança (uma ideia semelhante aparece na alegoria da vinha de Is 5,1-7).
Deus espera, portanto, que Israel (a figueira) dê frutos, isto é, aceite converter-se à proposta de salvação que lhe é feita em Jesus; dá-lhe, até, algum tempo (e outra oportunidade), para que essa transformação ocorra. Deus revela, portanto, a sua bondade e a sua paciência; no entanto, não está disposto a esperar indefinidamente, pactuando com a recusa do seu Povo em acolher a salvação. Apesar do tom ameaçador há nesta parábola uma nota de esperança: Jesus confia em que a resposta final de Israel à sua missão seja positiva.
A proposta principal que Jesus apresenta neste episódio chama-se “conversão”. Não se trata de penitência externa, ou de um simples arrependimento dos pecados; trata-se de um convite à mudança radical, à reformulação total da vida, da mentalidade, das atitudes, de forma que Deus e os seus valores passem a estar em primeiro lugar.
É este caminho a que somos chamados a percorrer neste tempo, a fim de renascermos, com Jesus, para a vida nova do Homem Novo. Concretamente, em que é que devo mudar? Quais são os valores que eu dou prioridade e que me afastam de Deus e das suas propostas? Essa transformação da nossa existência não pode ser adiada indefinidamente.
Temos à nossa disposição um tempo relativamente curto: é necessário aproveitá-lo e deixar que em nós cresça, o mais cedo possível, o Homem Novo. Está em questão a nossa felicidade, a vida em plenitude… Não podemos adiar a sua concretização.