Jesus Cristo, Nossa Esperança XV – A Ressurreição de Cristo e os desafios do mundo de hoje

Neste Ano Jubilar, dedicado à esperança, somos convidados a refletir sobre a relação entre a Ressurreição de Cristo e os desafios do mundo atual — isto é, os nossos próprios desafios. Às vezes, Jesus, o Vivente, também nos pergunta: “Por que você chora? Quem você procura?”. De fato, os desafios não podem ser enfrentados sozinhos, e as lágrimas se tornam um dom de vida quando purificam nossos olhos e libertam o nosso olhar.
O evangelista João chama nossa atenção para um detalhe que não aparece nos outros Evangelhos: chorando diante do túmulo vazio, Madalena não reconheceu de imediato o Jesus ressuscitado, pensando tratar-se do jardineiro. Ao narrar o sepultamento de Jesus, no crepúsculo da Sexta-feira Santa, o texto é muito específico: “No lugar onde Ele fora crucificado havia um jardim e, no jardim, um sepulcro novo, onde ninguém ainda havia sido colocado. Ali, pois, depositaram Jesus, por causa da Preparação dos judeus e da proximidade do sepulcro” (Jo 19, 40-41).
Assim termina, na paz do sábado e na beleza de um jardim, a dramática luta entre as trevas e a luz, desencadeada pela traição, pela prisão, pelo abandono, pela condenação, pela humilhação e pela morte do Filho, que “tendo amado os seus que estavam no mundo, amou-os até o fim” (cf. Jo 13, 1). Cultivar e cuidar do jardim é a tarefa originária (cf. Gn 2, 15) que Jesus levou a pleno cumprimento. Sua última palavra na cruz — “Está consumado” (Jo 19, 30) — convida cada um de nós a reencontrar a própria missão. Por isso, “inclinando a cabeça, entregou o espírito” (v. 30).
Assim, queridos irmãos e irmãs, Maria Madalena não estava totalmente enganada ao pensar que encontrara o jardineiro! De fato, ela precisava ouvir novamente o seu nome e compreender a missão do Homem Novo, aquele que, em outro texto joanino, afirma: “Eis que faço novas todas as coisas” (Ap 21, 5). Na encíclica Laudato si’, o Papa Francisco indicou a extrema necessidade de cultivarmos um olhar contemplativo: se não for guardião do jardim, o ser humano cedo se torna o seu devastador. A esperança cristã, portanto, responde aos desafios que hoje afetam toda a humanidade, permanecendo no jardim onde o Crucificado foi posto como semente para ressuscitar e dar muito fruto.
O Paraíso não está perdido — foi reencontrado. Assim, a morte e a ressurreição de Jesus fundamentam uma espiritualidade da ecologia integral, sem a qual as palavras da fé permanecem sem força sobre a realidade, e as palavras da ciência ficam fora do coração. “A cultura ecológica não pode se reduzir a uma série de respostas urgentes e parciais aos problemas decorrentes da degradação ambiental, do esgotamento dos recursos naturais e da poluição; ela deveria ser um olhar diferente, um pensamento, uma política, um programa educativo, um estilo de vida e uma espiritualidade que ofereçam resistência” (Laudato si’, 111).
Por isso falamos em conversão ecológica, que os cristãos não podem separar da mudança de vida a que Jesus os chama. Sinal disso é o gesto de Maria, naquele amanhecer da Páscoa: somente de conversão em conversão é que passamos deste vale de lágrimas para a nova Jerusalém. Essa passagem, que começa no coração e é espiritual, transforma a história, compromete-nos publicamente e ativa uma solidariedade que, desde já, protege pessoas e criaturas dos apetites dos lobos, em nome e pela força do Cordeiro Pastor.
Hoje, os filhos e filhas da Igreja podem encontrar milhões de jovens e de homens e mulheres de boa vontade que ouviram o clamor dos pobres e da terra, deixando-se tocar no coração. Também são numerosas as pessoas que buscam, por meio de uma relação mais direta com a criação, uma nova harmonia que as conduza além de tantas feridas. Afinal, ainda “os céus proclamam a glória de Deus, e o firmamento anuncia a obra de suas mãos. Um dia passa ao outro a mensagem; uma noite conta à outra a notícia. Não há fala, nem palavras, e não se ouve a sua voz; mas por toda a terra se espalha o seu anúncio e aos confins do mundo chega a sua palavra” (Sl 18, 1-4).
Que o Espírito nos conceda a capacidade de ouvir a voz de quem não tem voz. Então veremos o que nossos olhos ainda não enxergam: o jardim, o Paraíso, para o qual caminhamos, acolhendo e cumprindo, cada um, a própria missão.


