15º Domingo do Tempo Comum

Diác. Paulo Halter
Paróquia Nossa Senhora da Candelária
“Aquele que usou de misericórdia para com ele”.Então Jesus lhe disse: “Vai e faze a mesma coisa.”
Evangelho (Lc 10,25-37)
A liturgia deste domingo nos convida a meditar sobre a prática dos mandamentos, que converge para o amor a Deus e ao próximo. O coração que se volta totalmente a Deus é capaz de estar sensível às necessidades do outro.
Nisso consiste uma fé autêntica, que caracteriza um verdadeiro cristão.
No Evangelho de hoje, vemos um mestre da Lei que vai ao encontro de Jesus e, para colocá-lo à prova, faz uma pergunta que gira em torno do que fazer para obter a vida eterna. A resposta de Jesus vem com outra pergunta: “O que está escrito na Lei? Como lês?” A resposta do mestre da Lei converge para o principal mandamento: o amor profundo a Deus, que está interligado com o mandamento do amor ao próximo.
Jesus confirma sua resposta; entretanto, o mestre da Lei quer justificar-se e prolonga a discussão sobre o significado de “próximo”. Em Israel, o próximo podia ser alguém do núcleo familiar, um compatriota ou até uma pessoa convertida, que se submetesse aos preceitos da Lei. Jesus, então, conta a parábola do Bom Samaritano e aprofunda o tema.
Um sacerdote e um levita — pessoas observantes da Lei —, ao contrário do samaritano (considerado hostil aos judeus e símbolo de impureza e infidelidade), passam pelo homem ferido, mas se afastam e não o socorrem. Enquanto isso, o samaritano, ao vê-lo, sente compaixão e age com amor em favor daquele homem. Então Jesus pergunta ao mestre da Lei: “Na tua opinião, qual dos três foi o próximo do homem ferido?” Ele respondeu: “Aquele que usou de misericórdia para com ele.”
Meus irmãos, Nosso Senhor Jesus Cristo se comporta com a humanidade como o samaritano da parábola se comportou com o desconhecido: como o pastor que vai salvar a ovelha perdida, como o filho do dono da vinha que se apresenta depois dos profetas enviados em vão. Assim também o samaritano chega depois dos sacerdotes e levitas, que não quiseram — e não puderam — salvar o homem ferido.
Em Jesus Cristo, Deus se aproximou do homem com uma fisionomia simples e humana. O Deus que agora conhecemos não está muito alto nem muito distante de nós. Sua Lei está muito próxima: em nossa boca e em nosso coração, para que a coloquemos em prática. Só encontramos verdadeiramente a Deus fazendo o que Jesus fez. O segredo está no grande mandamento da caridade, que, com Jesus, ganha novas exigências. Não basta mais amar o próximo como a si mesmo; é preciso perguntar-se como ser próximo do outro e amá-lo como Deus o ama.
Lembremos das palavras de Jesus na Última Ceia: “Eis que eu vos dou um novo mandamento: amai-vos uns aos outros como eu vos amei.” Assim, a herança da vida eterna se realiza numa fé comprometida, movida pela compaixão — uma fé que nos faz sair de nós mesmos para ir ao encontro do necessitado e assumir a responsabilidade de colaborar com um mundo justo e fraterno.
Deus abençoe
a todos.