4º Domingo da Quaresma
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Coluna organizada por Nilo Pereira, segundo a exegese do Pe. Fernando Armellini, scj

Leituras iniciais do Quarto Domingo da Quaresma

1ª Leitura (2Crônicas 36,14-16.19-23)
Os homens dos tempos passados pensavam que Deus concedia suas bênçãos àqueles que observassem os mandamentos, e que enviaria infortúnios a quem não obedecesse. Ao lermos os livros das Crônicas, nos damos conta de que o autor pensa exatamente dessa maneira.
Vivemos nos séculos após o exílio. O rei Nabucodonosor, no ano 587 a.C., destruiu a cidade de Jerusalém e mandou para o exílio da Babilônia os que escaparam da espada, reduzindo-os à escravidão (vers.19-20). Por que Deus permitiu que o templo e a cidade de Jerusalém fossem destruídos pelo inimigo?
A primeira parte da leitura responde a essas perguntas (vers.14-18). O senhor amava o seu povo, dispensava-lhe todos os cuidados, enviava os seus profetas para indicar-lhes o caminho da vida, mas esse povo desprezou as advertências dos seus mensageiros.
A segunda parte da leitura nos apresenta outro exemplo: um dos pecados de Israel fora o de não ter observado a lei de deixar descansar a terra a cada seis anos, permitindo assim às pessoas mais pobres e aos animais alimentar-se dos frutos naturais do solo (vers.21).
Está errado, então, o ensinamento da leitura de hoje? Não! Deve, porém, ser entendido corretamente. O que o autor (com linguagem antiquada) nos apresenta como castigo de Deus não é outra coisa senão aquilo que acontece automaticamente ao homem sempre que envereda pelo caminho do pecado: provoca a ruína de si mesmo e dos outros.
A história do amor entre Deus e o homem nunca termina com uma condenação. Da mesma forma que os israelitas infiéis, o homem que se afasta de Deus se mete em complicações, torna-se escravo dos próprios ídolos, mas Deus nunca o abandona.

2ª Leitura (Efésios 2,4-10)
Para entender essa leitura, é preciso ler os versículos que a precedem. O segundo capítulo da carta aos cristãos de Éfeso começa apresentando, com expressões muito dramáticas, a situação do homem pecador. Afirma que é um rebelde que segue seus instintos e suas paixões, provocando a própria ruína e a própria infelicidade (vers. 1-3). O homem não consegue sair dessa situação desesperadora.
Deus, porém, rico de amor e misericórdia, intervém para libertá-lo: ressuscita-o com Cristo para uma vida nova (vers. 4-7).
Esta salvação não é concedida ao homem por causa dos seus méritos; trata-se de um com completamente gratuito do Pai. Por essa razão, ninguém pode vangloriar-se do bem que encontra dentro de si e nem, muito menos, pode desprezar quem ainda não abriu seu coração a uma graça tão abundante (vers. 9-10).
Se é verdade que a causa da salvação do homem não é pelas suas boas obras, da mesma forma, porém, é verdade que essas são uma resposta necessária ao amor de Deus: são elas os sinais que revelam que a graça de Deus conseguiu penetrar e produzir frutos no coração do homem (vers.10).