As primeiras universidades católicas do Brasil surgiram em 1946. No Rio de Janeiro, o padre Leonel Franca SJ, um dos mais prestigiados filósofos do século XX, com apoio do Cardeal Sebastião Leme, Arcebispo do Rio de Janeiro, fundou a PUC Rio, antigo desejo da Companhia de Jesus desde o tempo do padre Taddei. Franca escreveu dezenas de livros, alguns de caráter apologético em um momento em que a Igreja novamente se firmava como instituição influente no Brasil, lutando contra pastores protestantes que buscavam se impor no contexto social e político. Obras como “A Igreja, a Reforma e a Civilização”, “Catolicismo e Protestantismo” e “O Protestantismo no Brasil” revelam a sua notável facilidade de síntese, além de bom poeta e bom professor. Foi o primeiro reitor da universidade que ele criou com tanto sacrifício, afinal o padre Franca, tinha saúde muito frágil, desde jovem, e veio a falecer em 1948.

Quem se interessar pela sua biografia, ela foi escrita pelo nosso conterrâneo, padre Luiz Gonzaga da Silveira D’Elboux, patrono da Biblioteca Histórica do Bom Jesus. A obra, escrita em 1955, ainda se pode encontrar em sebos especializados. A PUC Rio se transformou em um dos principais polos de formação de educadores no Brasil, além das áreas de pesquisa em tecnologia. Lembremos que outro nosso conterrâneo, o padre Ranulpho Amirat, de quem lembramos o centenário de nascimento neste mês, foi um dos diretores do Departamento de Física da PUC, quando foi instalado, no Rio de Janeiro, um dos primeiro computadores do Brasil.

A outra PUC, coetânea à carioca, foi criada pela Arquidiocese de São Paulo a partir da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras, já existente desde 1908, fundada pelos monges beneditinos alemães que se instalaram em São Paulo sob a direção do abade D. Miguel Kruse. Unindo a Faculdade de Filosofia, aliás a primeira do Brasil, à Faculdade de Direito, surgiu a PUC-SP.

A criação de universidades católicas, como meio de influência na sociedade, ao determinar padrões cristãos à formação superior de uma elite intelectual foi desejo da Igreja Católica já no século XIX. No Brasil, a iniciativa partiu do padre Bartolomeu Taddei durante o Primeiro Congresso Católico do Brasil, realizado na Bahia em 1900. A ideia pioneiríssima da criação da universidade católica, certamente Taddei trouxe da Itália, onde estivera no ano anterior, junto do papa Leão XIII para o Concílio Plenário da América Latina. Advogava, o bom missionário, a ideia de que a universidade traria um ambiente novo e importante à formação de intelectuais, que alavancaria o ambiente religioso e o desenvolvimento da imprensa católica, aliás, outra iniciativa pioneira do padre Taddei através da revista Mensageiro do Coração de Jesus, maior periódico católico em circulação em nosso país na atualidade.

O papel do padre Bartolomeu Taddei, no Brasil de seu tempo, demonstra a grandeza que um homem pode ter quando movido por grandes ideais.