Cultura e educação restituem a memória do passado e iluminam o presente

O Papa Francisco recebeu em audiência, nesta segunda-feira (13/02), no Vaticano, uma delegação da Universidade Sulkhan-Saba Orbeliani de Tblisi, na Geórgia, pelos seus vinte anos de fundação.
“A educação ajuda as novas gerações a crescer, descobrindo e cultivando as raízes mais fecundas, para que deem frutos”, disse Francisco, recordando sua viagem ao país, em 2016, e o Patriarca Ilia, “um homem de Deus que levo em minhas orações”, frisou o Papa. “Trago no coração os encontros que tivemos, especialmente na Catedral Patriarcal, quando estivemos lado a lado no sinal da túnica de Cristo; aquela túnica que o Evangelho descreve como ‘tecida de uma peça única, de cima até em baixo’ e que, segundo a tradição, simboliza a unidade da Igreja, o Corpo de Cristo. Esta Universidade é também neste sentido um bom exemplo de colaboração profícua entre católicos e ortodoxos no campo cultural e educacional”, frisou o Papa.
Educar é sinônimo de iluminação
Na “língua georgiana o termo educação é muito interessante: vem da palavra luz e evoca a passagem da escuridão da ignorância para a luminosidade do conhecimento”.
Educar para vocês é mais uma vez vir à tona, é sinônimo de iluminação. Isso é significativo, faz pensar quando se acende uma lâmpada num quarto escuro: nada do que está ali muda, mas muda o aspecto de tudo. Tal é o conhecimento que vocês adquiriram em sua Universidade, que se propõe a colocar no centro a dignidade da pessoa humana. Por meio do estudo e do compromisso, é possível alcançar o conhecimento de si mesmo.
Segundo o Papa, “há necessidade dessa iluminação benéfica do saber, enquanto no mundo se adensam as trevas do ódio, que muitas vezes vem do esquecimento e da indiferença”.
“A cultura georgiana convida a manter acesa a lâmpada da educação e a manter aberta a janela da fé, porque ambas iluminam os espaços da vida. Não é por acaso que em georgiano a raiz do termo luz aparece tanto na palavra educação quanto na palavra batismo, relacionando cultura e fé”, ressaltou Francisco.
Nisto o papel da Igreja Católica foi precioso. Permitiu frutuosas aberturas culturais das quais a história do país se beneficiou. Vocês representam a continuidade dessa contribuição e é bonito que, de modo alegre e construtivo, alimentam o serviço à comunidade católica em solo georgiano, para que seja uma semente que dê frutos para todos.
Criar espaços e pontes para o bem de um país e do seu povo
O Papa os convidou a prosseguir neste caminho de “serviço humilde e fraterno”, e ressaltou que às várias faculdades já existentes se acrescenta agora a Faculdade de Medicina “que tanto bem poderá fazer”.
“Este papel de criar espaços e pontes para o bem de um país e do seu povo está inscrito no nome do seu Instituto, dedicado ao grande Sulkhan-Saba Orbeliani, diplomata georgiano por excelência, pessoa de notável cultura e abertura. Os georgianos, começando dos jovens, merecem ter oportunidades cada vez maiores”, concluiu Francisco, afirmando que “o típico humanismo georgiano, na sua singularidade e beleza, merece ser apreciado em outros lugares, com a sua arte, literatura, música e muitas outras expressões relevantes, que podem ser enriquecidas através de uma comparação respeitosa com outras culturas. A luz é um exemplo para nós também nisso: ela não existe para ser vista, mas para mostrar ao redor e além: assim é a cultura, que abre horizontes e expande os confins”.