Catequese 04 – “Somos todos filhos, somos todos irmãos”

Dentro de uma família, há papeis diversos, mas uma identidade comum a todos: somos todos filhos!
Ninguém escolheu nascer. Cada pessoa deve a existência e a vida a uma mãe e um pai. Não nos podemos dar a vida, só podemos recebê-la e preservá-la.
A vida é um mistério que brilha diante de nós quando os filhos nascem e os vemos pela primeira vez com os nossos olhos. Nesse momento, há algo maior que nos ultrapassa. Aquela criança é prova de um mistério de vida que depende só parcialmente de nós, e que já amamos antes mesmo de conhecer.
Todos nós precisamos dos outros
Enquanto os filhos são pequenos, precisam de nós. A vida cotidiana deles depende de nós: a alimentação, as roupas, o cuidado do corpo, a comunicação, a aprendizagem do mundo. Mesmo adultos, contudo, todos nós vivemos a experiência de depender de algo e de alguém. Temos sempre necessidade de ajuda, de amor, de perdão!
O que se esconde por detrás desta verdade?
Amados antes de nascer
Deus Pai pensou em cada um de nós como seres únicos e amou-nos desde antes de nascermos. “Antes mesmo de te formar no ventre materno, eu te conheci. Antes que saísses do seio, eu te consagrei” (Jr 1, 5).
A dependência, que caracteriza a nossa vinda ao mundo, diz-nos que Alguém nos amou primeiro, nos desejou e os nossos pais abriram-se para acolher a nossa vida como dom.
É terrível e angustiante sentir-se desnecessário, ainda que simplesmente não ser escolhido por uma equipe na infância, ou ser escolhido por último, como se fôssemos um “plano B”.
Mas se pensarmos que fomos escolhidos e chamados desde todo o sempre, este estar no coração liberta-nos da angústia, garantindo que estamos enraizados desde sempre num amor que vem “antes” de qualquer outra coisa.
“Daqui deriva também a profundidade da experiência humana do ser filho e filha, que nos permite descobrir a dimensão mais gratuita do amor, que nunca cessa de nos surpreender. É a beleza de ser amado primeiro: os filhos são amados antes de chegar” (Papa Francisco, 11/02/2015)
Não nos escolhemos, mas fomos escolhidos; isto quer dizer que a condição necessária para entrar no Reino de Deus é “a de não nos considerarmos autossuficientes, mas necessitados de ajuda, de amor, de perdão” (Papa Francisco, 18/03/2015), coisas às quais os filhos, especialmente quando são crianças, nos chamam constantemente.
Viver na fraternidade
A família é o primeiro lugar em que se aprende a viver a fraternidade à qual, como filhos de um único Pai, somos todos chamados.
“Em família, entre irmãos, aprendemos a convivência humana, como devemos conviver na sociedade. Talvez nem sempre estejamos conscientes disto, mas é precisamente a família que introduz a fraternidade no mundo! A partir desta primeira experiência de fraternidade, alimentada pelos afetos e pela educação familiar, o estilo da fraternidade irradia-se como uma promessa sobre a sociedade inteira.
A bênção que Deus, em Jesus Cristo, derrama sobre este vínculo de fraternidade dilata-o de modo inimaginável, tornando-o capaz de ultrapassar todas as diferenças de nação, língua, cultura e até de religião. […] A história demonstrou suficientemente que, sem a fraternidade, até a liberdade e a igualdade podem encher-se de individualismo e conformismo, também de interesse pessoal” (Papa Francisco, 18/02/2015).
Sugestões de reflexão em casal/família
Todos temos necessidade de ajuda, de amor, de perdão!
• O que experimentamos quando nos sentimos ajudados, amados, perdoados?
• Por quem nos sentimos ajudados, amados, perdoados?
• Cada pessoa que encontramos tem no coração o desejo de sentir-se ajudada, amada, perdoada. A nossa presença pode então ser importante junto a cada pessoa. Pensemos nos últimos dias: fiz alguém feliz, ou tive dificuldade de amar alguém?
Acolhamos o convite do Papa Francisco: “Cada um de nós pense intimamente nos seus próprios filhos — se os tiver […]. E todos nós pensemos nos nossos pais e demos graças a Deus pelo dom da vida” (Papa Francisco, 11/02/2015).
Sugestões de reflexão dentro da comunidade
• Os filhos precisam de nós para crescer, mas também nós precisamos dos outros.
• É terrível e angustiante sentir-se desnecessário. O que significa, concretamente, fazer com que cada pessoa na nossa comunidade se sinta necessário? Poderíamos organizar o próximo encontro de preparação ao Encontro Mundial das Famílias de modo a oferecer a cada um a possibilidade de se envolver.
• Acolhamos o convite do Papa Francisco: “Cada um de nós pense nos próprios irmãos e irmãs e, no silêncio do coração, reze por eles” (Papa Francisco, 18/02/2015).
Vídeo 4: “Acolher com amor”
Neste vídeo, o protagonista é uma família de Roma: uma mãe, um pai e três filhas que, após a tentativa de ter um quarto filho e os abortos espontâneos, escolheram adotar uma menina com deficiência grave, Manuela.
Para aprofundar
Papa Francisco – Audiência Geral – 14/10/2015
Papa Francisco – Audiência Geral – 11/02/2015
Papa Francisco – Audiência Geral – 18/03/2015
Papa Francisco – Audiência Geral – 18/02/2015