Digitalização e preservação do acervo
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Resultado de mais de cem anos de atividade, A Federação tem um acervo precioso, as edições, desde 1905, que revelam, em milhares do páginas, a história de si mesmo, da cidade e da vida da Igreja em Itu e no Brasil, material que precisa ser preservado. De outra parte, o jornal, como o próprio nome diz, é feito para aquele dia (jour), notícia do momento, que pode ser descartado em seguida, feito em papel sem a qualidade dos livros, para sobreviver.
É difícil conservar papéis, em relação a traça, umidade, incêndio e mesmo a má acomodação, afinal, a redação não é o lugar ideal e climatizado para bem guardar uma coleção desse nível. Todos os exemplares d’A Federação estão encadernados, mas já foram muito consultados, manuseio que acabou degradando os cadernos.
Pensando em tudo isso, o editor Mylton Ottoni da Silveira (1936 – 2018), tomou a iniciativa de oferecer à Associação São Paulo da Boa Imprensa a digitalização completa da coleção (inclusive a que está sendo utilizada para pesquisa a esta coluna). A digitalização aconteceu em 2010, momento em que a cidade de Itu comemorava quatrocentos anos de fundação. Foi um momento de celebração, publicação de livros sobre a história da cidade, reedição de obras antigas, todas pela Editora Ottoni, de propriedade do Mylton. Quando professor, ele abriu copiadora e papelaria em sociedade com João Valente (Ottoni-Valente); fazia cópias de avaliações para professores. Desfeita a sociedade, Mylton montou a sua copiadora com diversas máquinas, na Rua Garcia Moreno, endereço próximo ao correio. No final da década de 1990, fundou a Editora Ottoni. Em quase vinte anos de trabalho, publicou mais de mil títulos de obras de todos os gêneros.
Na ocasião da digitalização, Mylton Ottoni era o 2º tesoureiro da diretoria da mantenedora do jornal. Levou os exemplares encadernados para a editora, onde montou um suporte em que os cadernos ficavam deitados sobre um trilho que corria em base fixa. Na parte superior estava instalada a máquina fotográfica digital. À medida que corria o trilho, focava-se a página ímpar e a página par em separado. Dessa forma, bastava virar as páginas do jornal que o foco estava sempre na posição.
Feita a digitalização toda, na própria copiadora fez-se uma versão impressa (em papel sulfite tamanho A2) e encadernada, assim ninguém precisa mexer nas preciosidades antigas. Foram feitas também cópias digitais para pesquisa.
A coleção do jornal não é completa, faltam muitos exemplares, sobretudo dos primeiros tempos, causa de terem se perdido pela fragilidade do suporte ou porque alguém levou e não devolveu. Porém, desses primeiros anos, há outra coleção também digitalizada e disponível na internet, feita pela Universidade de São Paulo, acervo do Museu Republicano Convenção de Itu. Trata-se da antiga coleção de jornais da Câmara Municipal de Itu que, há mais de cinquenta anos, um prefeito militar, da época da ditadura, mandou jogar fora e o Sr. Newton Camargo Costa salvou e preservou.
Benditos sejam Newton e Mylton!

Luís Roberto de Francisco
Biblioteca Histórica
do Bom Jesus