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por Nilo Pereira

1ª Leitura (1Rs 19,4-8)
Para quem de nós não aconteceu alguma vez de sentir-se tão cansado, tão desanimado e tão amargurado a ponto de gritar: “Basta, não agüento mais!”
Estamos em Israel, no tempo do rei Acab (mais ou menos 850 anos a.C.). A rainha Jezabel, jovem filha do rei de Tiro, é muito bonita e tão inteligente quanto perversa. Ela exige que seus súditos abandonem o culto a Javé e adorem Baal. A reforma consegue obter resultados e o povo adere com entusiasmo à nova religião.
Mas de repente, entra em cena Elias. As suas denúncias queimam como fogo, faz ameaças, opera milagres, invoca castigos do céu, faz com que durante três anos não caia chuva sobre a terra.
Jezabel é muito forte e procura todos os modos para eliminá-lo. Elias percebe que ficou só, o povo inteiro traiu o Senhor e abandonou a fé. O que fazer? Decide fugir em direção ao monte de Deus, o Horeb, onde 400 anos atrás, Moisés tinha encontrado o Senhor.
Mas a travessia do deserto não é fácil. A certa altura sente uma fraqueza e um desalento tão profundos a ponto de não conseguir mais caminhar. Senta-se e pede a Deus que lhe envie a morte: “Senhor, basta”, diz ele.
Deus não abandona o seu profeta; está ao seu lado, proporciona-lhe o alimento que dá o vigor, porém, não o exime da provação, da dura caminhada, não faz com os que seus anjos o transportem milagrosamente. Elias deve, impreterivelmente, atravessar o deserto e enfrentar os perigos e as dificuldades.
O deserto que Elias deve atravessar é a imagem da caminhada da nossa vida. E o que fazemos nós quando no sentimos em dificuldades, perturbados e angustiados por aquilo que acontece ao nosso redor? Esquecemos que a verdadeira luz, o conforto, a energia, a esperança nos são comunicados pelo pão da Palavra?

2ª Leitura (Ef 4,30-5,2)
Antigamente os escravos recebiam na pele uma marca com ferro em brasa, indelével, como se faz com o gado. Tinha como objetivo, marcar todos os que pertenciam para sempre a um determinado senhor.
Paulo se serve dessa figura para explicar qual é a condição do cristão. No batismo, diz ele, este recebe na própria carne um selo, não gravado a fogo, mas impresso pelo Espírito Santo: portanto, pertence definitivamente a Deus (vers.30).
As conseqüências morais que derivam disto são expressas antes em forma negativa: há vícios que devem ser evitados (vers.31), e depois em forma positiva: há uma série de virtudes que devem ser praticadas (vers.32 em diante).
Os vícios catalogados são seis e todos estão relacionados com a língua: a rispidez – a indignação – a ira – a gritaria – a maledicência – a malignidade. Esta última indica o conjunto de todos os outros vícios cuja lista seria longa demais.
A parte positiva, ao contrário, esclarece como deve ser o comportamento do cristão: cordial, afável e, sobretudo, inspirado em sentimentos de misericórdia, que é a primeira característica de Deus (Ex 34,6).

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