Identificar a pobreza com ações solidárias
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No ano de 2017, o Papa Francisco instituiu o Dia Mundial dos Pobres, a ser celebrado no último domingo do Tempo Comum, antes da Solenidade de Cristo Rei do Universo. Desde então, todo ano, o sumo pontífice emite no dia 13 de junho, Festa de Santo Antônio, a mensagem que será lida no Dia Mundial dos Pobres.
O Papa vem ressaltando a necessidade da Igreja voltar os olhos aos pobres de uma forma mais efetiva com ações concretas, que saiam de dentro dos templos e percorram as ruas e praças das cidades e principalmente das paróquias. Somos chamados a professar nossa fé não somente com palavras, mas com obras que traduzam a nossa fé em ações e gestos concretos em favor do próximo. São Tiago nos diz em sua carta, que uma fé sem obras, é uma fé morta. “Assim também a fé: se não tiver obras, é morta em si mesma.” (Tg 2,17) Quando um irmão nos estende as mãos, não representa apenas um pedido. Há muito mais significado, as mãos estendidas do irmão, representa a nudez de sua dignidade, que foi arrancada pela perversidade humana. Nossa mentalidade mundana, nos permite ver apenas as mãos abertas como um pedido de esmola, se olharmos com os olhos do Cristo, veremos que por de traz deste gesto, estão as chagas do Senhor que grita na vida desse pobre.
Os pobres não podem ser objetos de apenas uma ação voluntária, praticada de tempos em tempo. Ainda que sejam válidas essas atitudes, elas devem ocorrer no sentido de recuperar aquilo que foi perdido no decorrer da vida daquele filho de Deus. O encontro com os pobres deve ocorrer na partilha fraterna do amor de Deus, que aos poucos esta sociedade moderna foi retirando da pessoa humana, através das inúmeras injustiças e no egoísmo das pessoas. A caridade não se basta em dar uma esmola, roupa ou prato de comida – num primeiro momento ajuda – mas em partilhar uma vida de oração que transforme a vida tanto do pobre como do discípulo que se propõem em fazer a caridade. A comunhão com o Sacramento da Eucaristia nos faz partilhar o rosto de Cristo nos irmãos mais necessitados. Papa Francisco nos fala que as mãos estendidas do pobre, é o momento de sairmos de nossas certezas e reconhecermos a pobreza no mundo e, desta forma, rompermos nossas bolhas do egoísmo e encontrar com os irmãos no calor do Amor de Deus, formando um solido círculo de amizade.
Todos nós somos pobres, uns materialmente e outros de espírito, de uma forma as de outra, todos nós temos nossas mazelas humanas que nos fazem pobres. A pobreza nos faz reconhecer a condição de criaturas limitadas e pecadoras tem o propósito de nos transformar em pessoas humildes cujo sentido da vida não está em carreiras e no dinheiro, mas na proximidade com Deus, vivendo na graça.
São Francisco de Assis foi testemunha da pobreza. Ele teve os olhos fixo em Cristo e, com isso, conseguir identificar a pobreza e ser a Cristo através da pobreza. O nosso coração deve estar inteiramente ligado a Deus, para que possamos contribuir, perceber o pobre ao nosso lado e, assim, retirar-lo das margens da sociedade cruel e desumana em que vivemos e dar-lhes condições humanas e dignas para viverem, lhes ofertando o Evangelho para que siga junto em suas vidas. A pobreza tem o rosto de mulheres, homens e crianças que são explorados pela perversidade humana que resulta em grande miséria, fruto da injustiça social. Deus criou o céu e a terra e o homem construiu as pontes, abismos e muros que nos isola e nos faz egoístas e impiedosos.
Somos a Igreja e como tal, devemos promover a cultura do encontro e não do descarte, da exclusão e da marginalização. Deus nos convida a ir ao encontro dos pobres e partilhar com eles todas as formas de solidariedade, como sinal concreto de fraternidade, para que os pobres possam renascer para uma vida nova em Cristo.