Peregrinações à Roma Brasileira
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Uma das iniciativas do padre Bartolomeu Taddei para ampliar a devoção ao Coração de Jesus e movimentar os membros do Apostolado da Oração, foi criar um lugar em que os seus membros pudessem, em romaria, celebrar a sua fé, como se faz nos lugares sagrados. Por isto, ele também se referia a Itu como a nova Jerusalém. A peregrinação é uma importante tradição cristã e revela o nosso desejo de ir a um lugar de milagres ou de piedade, metáfora de um trajeto interior de espiritualidade. Ao chegar ao santuário o fiel, maravilhado com o sagrado, confessa-se, reconcilia-se com Deus através da Igreja e mergulha cada vez mais na vivência da piedade cristã.

Se em 1875 Taddei construiu um altar especialmente dedicado ao sagrado Coração, na igreja do Bom Jesus, em Itu, e o chamou de Centro Nacional do Apostolado da Oração, trinta anos depois inaugurou uma joia da arquitetura eclética, o Santuário Geral, anexo à mesma igreja. A construção foi erguida em espaço exíguo de terreno, com capacidade para abrigar somente oitenta pessoas. Mesmo assim tem sido, até hoje, alvo de grande número de visitantes, que acorrem ali para festejar os dons que receberam do Altíssimo.

Impulsionada pelo padre Taddei, nasceu uma bela tradição de romarias a Itu e por isso, até hoje, a cidade é conhecida como “Roma Brasileira”. A inauguração da Estrada de Ferro Ytuana, em 1873, facilitou o acesso dos membros do Apostolado das cidades da região, que passaram a visitar o templo com frequência, vindos de Salto, Sorocaba, Campinas, São Paulo, Piracicaba, Jundiaí e Santos.

Belíssimo cortejo de peregrinos chegava à estação ferroviária, às manhãs de domingo, cantando hinos de louvor “Sou cristão e de o ser me glorio…”, “Levantai-vos soldados de Cristo…” e, mais recentemente o “Coração Santo”. Belos estandartes de veludo ou de seda, bordados a ouro, vinham à frente, carregados por membros do movimento.

Traziam a identificação do centro a que pertenciam os devotos. O cortejo subia a Rua do Comércio até o Largo do Bom Jesus, onde era aguardado pelos membros do grupo do Santuário Central. Ao chegar à igreja, emocionados, os devotos assistiam à missa, muitas vezes celebrada pelo próprio padre Taddei. Depois era oferecido um café da manhã aos romeiros, afinal, àquele tempo, o jejum para a comunhão se iniciava à meia-noite.

Quando se tratava de romaria numerosa, a missa era campal, defronte à igreja. A Tipografia do Apostolado, editora do Mensageiro do Coração de Jesus, publicou livreto de cânticos, para que os romeiros acompanhassem as inúmeras estrofes dos hinos religiosos.

Desta forma o Santuário do Apostolado da Oração foi se organizando para a recepção de romeiros, construindo novo espaço, como o Salão Padre Taddei, para servir um café aos peregrinos. Taddei inclusive organizou uma “equipe de acolhida”, destinada a bem receber os romeiros.

No próximo artigo vamos ver algumas peregrinações notáveis na história da igreja do Bom Jesus.