A festa do sagrado Coração de Jesus em outubro

Além da festa litúrgica do sagrado Coração de Jesus em junho, o padre Taddei instituiu outra, em outubro, no dia dedicado a Santa Margarida Maria Alacoque. Ele dizia que a festa de junho não era a principal ao sagrado Coração, porque a grande celebração era o dia de Santa Margarida Maria, em 17 de outubro. Acreditava que contemplar as revelações de Jesus era lembrar o quanto Ele se aproximou da Humanidade, em Paray-le-Monial, no século XVII, quando se comunicou com a religiosa. Lembremos que as aparições àquela jovem religiosa, no convento das monjas visitandinas, foi um gesto de amor extraordinário, no qual manifestou um caminho maior e mais seguro para a salvação. Revelou à religiosa, Doze Promessas à salvação dos fiéis, para que a Humanidade se voltasse à vida religiosa intensa. No projeto para o Santuário Geral do Apostolado da Oração, Taddei previu, no altar, não somente a imagem de Jesus, mas também a presença de Santa Margarida, ajoelhada diante do Redentor, para reforçar a comunicação de Jesus Cristo com os seres humanos.
Taddei organizava, em outubro, uma festa precedida de tríduo com meditações para preparar espiritualmente a comunidade, vivenciando intensamente alguns termos das Doze Promessas. Alguns padres, conhecendo-as bem, estabeleciam, como meta de vida, difundir o culto ao Coração de Jesus abraçando, sobretudo, uma dessas promessas: “darei aos sacerdotes que praticarem especialmente essa devoção o poder de tocar os corações mais endurecidos”. A reza, no final da tarde, enchia a igreja do Bom Jesus, com longa pregação, belos cânticos, fervorosas preces e a bênção do Santíssimo Sacramento ao final.
Em circulares, encaminhadas aos bispos e aos diretores locais do Apostolado, dizia o Padre Taddei que a celebração externa ao sagrado Coração de Jesus – a procissão – deveria ser feita somente em outubro. No Santuário de Itu promovia grande vinda de romeiros. Inaugurada a Estrada de Ferro Ytuana, em 1873, muito facilitou o acesso dos peregrinos a Itu.
Muitas vezes havia missa campal, pela manhã, diante da igreja do Bom Jesus, para acolher os milhares de peregrinos que vinham, sobretudo de Campinas e São Paulo. Não era possível abrigar todo mundo dentro da igreja. À tarde promovia-se a procissão. No andor as duas imagens, de Jesus e Santa Margarida representavam a fé às Doze Promessas e a expressão pública da devoção. Tudo se encerrava com a bênção solene do Santíssimo Sacramento, muitas vezes também campal.
A nova prática religiosa não se centrava na devoção a Santa Margarida, mas na expressão da presença de Jesus na vida dela, nas aparições. Portanto fazia parte da revolução religiosa que o Apostolado da Oração fazia no Brasil através do trabalho do padre Taddei. A devoção centrada em Jesus, unindo os dogmas da teologia à devoção do povo, só poderia render os frutos que a Igreja no Brasil colhe até o presente, afinal, atualmente, são mais de três milhões de membros do Apostolado.