4º Domingo da Quaresma

Diác. Raimundo Bezerra Neto
Paróquia São Judas Tadeu
“Eu já vos disse, e não escutastes.”
Evangelho (Jo 9,1-41)
Estamos no quarto domingo da Quaresma, nesta Liturgia a Igreja primitiva recebia os Catecúmenos para o segundo Escrutínio (e hoje as Comunidades que tem Catecúmenos devem fazer o mesmo) e com eles todo o povo de Deus é chamado a se profundar na mensagem Evangélica.
A Liturgia nos apresenta o cego de nascença, nele está representada a escuridão, escuridão em todos os sentidos. Aqui o que podemos imaginar no primeiro momento é o fato de ele não ver. Certo, mas o que é não ver? O texto quer relatar de um modo especial o pecado. Ou seja, não se trata de uma cegueira física necessariamente, mas sim espiritual. Muitos veem com os olhas físicos, mas espiritualmente são cegos. E o que causa esta cegueira?
Certamente o pecado, não é o pecado dos pais que cega os filhos, não é o pecado da criança no ventre da mãe, mas o pecado pessoal do dia a dia que nos cega.
O Evangelho assim como a Catequese de Iniciação Cristã para adultos, na ótica Catecumenal, nos convida a seguir um caminho, um itinerário de fé. Na Catequese os Catecúmenos têm um itinerário a percorrer e, neste itinerário, fica nítida a experiência deles com O Senhor. Tempo das entregas e antes de receber o Credo, eles não o recitam, pois é o tempo de ouvir A Palavra (depois do Rito da Palavra serão dispensados). Enfim, toda uma trajetória que na Liturgia de hoje fica bem óbvia.
O cego tinha, no primeiro momento, Jesus como um simples homem, certamente como qualquer outro homem; depois via Jesus como um profeta; a seguir como um homem de Deus e por fim como O SENHOR!
É neste sentido que a Catequese, na ótica Catecumenal, traça seu itinerário para bem ajudar os Catecúmenos, e neste mesmo sentido o Evangelho de hoje quer nos ajudar a despertar na fé, seguir O Senhor!
Jesus usa de sinais muito conhecidos daquele povo para melhor ajudá-los no crescimento da fé: usa da saliva; a saliva para eles era um meio de transmitir a própria força para os outros, ou seja, ao usar a saliva Jesus quis transmitir sua força; Deus criou o homem do barro e Jesus usa o barro para lembrar a força criadora e ao mandar lavar nas águas de Siloé, remete à água Batismal, onde é lavada toda a culpa pecaminosa.
O Evangelho fala muito bem da mudança daquele cego e os que tão bem o conheciam já tem dúvida se de fato é ele mesmo, ou seja, que transformação, que mudança, que conversão ocorrida na vida daquele homem! Ele que, como a samaritana de Domingo passado, não tem nome, pois representa todos nós. E todos nós somos chamados à cura de nossas cegueiras. E talvez fique brecha para uma pergunta: como ser curados de nossas cegueiras? O Evangelho responde: reconhecer que somos cegos, que precisamos do Senhor, que só Ele cura toda cegueira espiritual. Tanto que aqueles que se consideram bons das vistas se tornaram cegos, e o cego passou a enxergar!
Que O Senhor, de um modo especial nesta Liturgia, neste Domingo “Laetare” (Alegra-te; Alegria), nos conceda a graça de sermos alegres ao segui-Lo!